Bashir Hajji, um homem de 75 anos que vivia em Gaza, apareceu para o mundo dias atrás após os perfis oficiais do governo de Israel mostrá-lo andando ao lado de um soldado do Estado judeu, sobre os escombros de edifícios demolidos pelos bombardeios realizados no pequeno território palestino. A “leitura” da foto, bastante simples, mostra um idoso vulnerável sendo tratado com humanidade e cordialidade por um militar inimigo. Só que o fim de Bashir foi outro.
Momentos após o clique, ainda usando a mesma roupa, o ancião com limitações de locomoção foi achado morto pela família com dois tiros tipicamente frutos de execução, nas costas e na nuca. Ele vestia a mesma roupa em que aparece na imagem disponibilizada pelas contas israelenses. A denúncia ganhou repercussão nas redes após ser publicada pelo jornalista, escritor e ativista civil palestino Muhammad Shehada, que atua como cronista para a Al Jazeera e o Middle East Eye, além de também escrever para o jornal israelense de língua hebraica Haartez, o mais importante do Estado judeu.
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De acordo com a versão apresentada por Shehada, a neta do idoso afirmou que o avô “morreu cansado, com frio, com sede e com fome”. A jovem teria relatado ao jornalista que os soldados das IDF (Forças de Defesa de Israel, na sigla em inglês) teriam chegado atirando nos moradores da localidade onde sua família vivia. A maior parte conseguiu fugir, mas Bashir ficou por lá, já que tinha deficiência e usava uma bengala. A foto, presume a neta, teria sido tirada momentos depois dessa fuga alucinada.
Ela contou que ainda chegou a ligar para o celular do idoso e que ele atendeu muito amedrontado, dizendo estar sozinho. Ela o orientou a se abrigar em algum dos prédios destruídos, e então passou a tentar ajuda da Crescente Vermelha (a versão islâmica da Cruz Vermelha) para resgatar o avô, embora os soldados judeus não tenham permitido o ingresso de ninguém no local. Horas depois a família o encontrou com tiros nas costas e na cabeça, caído em meio aos escombros de uma edificação em ruínas.