LIGA ÁRABE

Árabes engavetam proposta e deixam palestinos na mão

Muita conversa, pouca ação

Dor.O divórcio entre os líderes árabes e a opinião pública se aprofundaCréditos: Agência Palestina de Notícias
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O notório apoio de fachada à causa palestina pelos países árabes se expressou mais uma vez na reunião da Liga Árabe que está acontecendo na Arábia Saudita.

Mesmo as cenas que levaram milhões de pessoas às ruas para protestar contra os ataques de Israel a civis em Gaza, pedindo um cessar-fogo, não foram suficientes para que se chegasse a um consenso.

Onze dos 22 integrantes do grupo apresentaram uma proposta dura.

A proposta foi endossada por Palestina, Síria, Argélia, Tunísia, Iraque, Líbano, Kuwait, Catar, Omã, Líbia e Iêmen:

Bases dos Estados Unidos e de outros países em estados árabes ficariam proibidas de fornecer armas e munição a Israel;

Congelamento das relações diplomáticas, econômicas, de segurança e militares com Israel;

Ameaça de usar o petróleo e outros meios econômicos para acabar com a agressão;

Evitar que a aviação civil de Israel utilize espaço aéreo de países árabes;

Formação de um comitê ministerial conjunto para fazer pressão por um cessar-fogo em Nova York, Washington, Bruxelas, Genebra, Londres e Paris.

Quatro países votaram contra e sete se abstiveram, votos que não foram identificados.

SALIVA

Na lista dos que votaram contra ou se abstiveram estão países que estabeleceram relações diplomáticas nos últimos anos com Israel -- Marrocos, Sudão, Bahrein e Emirados Árabes Unidos --, dois vizinhos de Israel, Egito e Jordânia, e o mais poderoso integrante da Liga, a Arábia Saudita.

A reunião vai se dissolver neste sábado num encontro mais amplo, o da Organização para a Cooperação Islâmica, composta por 57 estados da África, Oriente Médio, Ásia, Europa e América do Sul.

Por conta do maior número de integrantes, é possível que uma resolução final contra Israel seja ainda mais diluída.

A Arábia Saudita já deu sinais de que não abandonou a ideia de reatar relações com Israel depois da atual crise.

O Egito e a Jordânia são estados-clientes dos Estados Unidos muito suscetíveis à pressão de Washington.

Os países do Golfo Pérsico são basicamente porta-aviões de Washington para a vigilância da região.

Mesmo a Palestina, que encabeçou a proposta que não foi aprovada, já deixou claro que está disposta a se acomodar com a destruição do Hamas.

Mahmoud Abbas, depois de um encontro com o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, se disse disposto a assumir os espólios de Gaza desde que num acordo com apoio internacional.

Depois de reatar relações diplomáticas com a Arábia Saudita e entrar nos BRICs e na Organização para a Cooperação de Xangai, o Irã rompeu seu isolamento.

Apesar de usar forte retórica contra o que chama de "entidade sionista", aliados de Teerã como Hezbollah travam escaramuças limitadas com Israel, atendendo à prioridade dos Estados Unidos de não regionalizar o conflito.