PRÊMIO NOBEL DA PAZ

Prêmio Nobel da Paz: os 9 piores vencedores da história

Até criminosos de guerra já foram laureados com premiação; confira casos bizarros

Em 1973, o Secretário de Estado dos EUA, Henry Kissinger, foi premiado com o Nobel da Paz. Ele autorizou milhares de bombardeios contra civis no CambojaCréditos: Library of Congress
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Anualmente, a fundação Nobel premia pessoas ao redor do mundo por seus esforço pela paz ao redor do mundo. A entidade, claro, não é neutra e, em muitos momentos da história, fez escolhas duvidosas para o laureamento.

Entre participantes ativos de guerras e até pessoas acusadas de crimes de guerra, o Prêmio Nobel da Paz é extremamente controverso. Por isso, listamos os 10 piores vencedores da história do Nobel neste artigo.

1. Henry Kissinger

Prêmio Nobel da Paz (1973): Foi premiado por seu papel nas negociações que puseram fim à Guerra do Vietnã no acordo de 1973.

Kissinger foi uma das figuras por trás da "guerra secreta no Camboja", em que os EUA derrubaram milhares de bombas B-52 contra civis cambojanos.

O próprio Kissinger fala  em mais de 50 mil cambojanos mortos durante seu período como Secretário de Estado dos EUA. Além disso, existem diversas acusações de violações dos EUA sob comando de Kissinger na Indonésia, no Laos e em outros países do planeta. Ele é frequentemente acusado de ser um criminoso de guerra.

 Lê Ð?c Th?, chanceler vietnamita que também foi laureado naquele ano pelo acordo de paz, recusou o prêmio.

2. Barack Obama

Ex-presidente dos EUA é acusado de inúmeros crimes de guerra no Oriente Médio (Foto: Pete Souza)

Prêmio Nobel da Paz (2009): Recebeu o prêmio por discursar em campanha contra a Guerra do Iraque, iniciada por seu antecessor, George Bush.

Críticas: Alguns consideraram o prêmio prematuro, dado que Obama estava no início de seu mandato presidencial e ainda não havia concretizado muitos de seus objetivos de política externa, como a resolução de conflitos no Oriente Médio.

Posteriormente, Obama seria responsável pela invasão ilegal da Líbia e da Síria, além de ter continuado a Guerra no Afeganistão e no Iraque, além de ter promovido sanções ilegais contra a Venezuela, além de ter armado a Arábia Saudita na guerra civil do Yemen, que resultou na morte de civis com drones americanos ao redor do território iemenita.

Obama é acusado de ser um criminoso de guerra pela Harvard Political Review.

3. Teddy Roosevelt

Theodore Roosevelt foi o criador da política do Big Stick, primórdio do imperialismo estadunidense

Prêmio Nobel da Paz (1906): Foi premiado por sua mediação na Guerra Russo-Japonesa.

Embora tenha sido elogiado por sua mediação, Theodore Roosevelt, presidente dos EUA, foi o responsável pela expulsão de diversos indígenas de suas terras, um forte defensor das leis Jim Crow de segregação racial, além de ser o criador da política de Big Stick, quando os EUA começou a sua trajetória de imperialismo dentro da América Latina.

4. Juan Manuel Santos

Ex-presidente colombiano responsável pelo acordo de paz (Foto: WIlson Dias/Agência Senado)

Prêmio Nobel da Paz (2016): Ex-presidente da Colômbia recebeu o prêmio por seus esforços para encerrar o conflito armado de décadas na Colômbia.

O acordo de paz de 2016 ainda precisa ser posto em prática e diversos conflitos na Colômbia seguem. Além disso, Juan Manuel Santos era o ministro da Defesa durante o período dos "falsos positivos".

O escândalo dos "falsos positivos" na Colômbia refere-se a uma série de graves violações dos direitos humanos que ocorreram principalmente entre os anos 2000 e 2010, durante o conflito armado interno no país. 

A prática era chocante: as Forças Armadas da Colômbia matavam civis inocentes e, em seguida, as apresentavam como guerrilheiros mortos em combate para inflar suas estatísticas de sucesso na luta contra grupos rebeldes, como as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) e o Exército de Libertação Nacional (ELN).

5. Dalai Lama

Dalai Lama, conhecido popularmente por ser um pacifista, defende a volta de um regime monarquista marcado pela servidão e pela tortura no TIbete

Prêmio Nobel da Paz (1989): Recebeu o prêmio por sua luta não violenta pela autonomia do Tibete.

Dalai Lama defende a independência do Tibete e a retomada da monarquia tibetana, de um regime pró-servidão e da restituição da nobreza monástica na região.

O período de controle da monarquia tibetana na região foi marcado por crimes contra a humanidade, como amputações forçadas de trabalhadores. O Tibet independente era um dos ambientes mais bizarros no que se refere aos direitos humanos e até oficiais nazistas que estiveram na região ficaram espantados com a crueldade da nobreza tibetana, em especial no que se refere à mutilação de criminosos.

6. Lech Walesa

Prêmio Nobel da Paz (1983): Recebeu o prêmio por sua liderança no movimento sindical Solidariedade na Polônia.

O principal problema de Lech Walesa é que ele não fez nada pela paz. Foi um crítico do comunismo na Polônia socialista, mas não fez muita coisa além disso.

Walesa é um católico romano profundamente conservador e pai de oito filhos que nunca defendeu visões sociais progressistas. Ele foi acusado de promover uma “propaganda de ódio contra uma minoria sexual” depois de dizer que os gays não deveriam ter direito a um papel de destaque na política.

7. Mikhail Gorbachev

Mikhail Gorbachev derrubou a União Soviética por incapacidade política

Prêmio Nobel da Paz (1990): O ex-secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética recebeu o prêmio por seu papel nas reformas que levaram ao fim da Guerra Fria.

O fim da Guerra Fria foi o fim da União Soviética, crise que levou a uma das maiores depressões econômicas da história e absolutamente despropositada por falhas políticas do próprio bloco político de Gorby.

A crise económica que se seguiu ao colapso da União Soviética teve um impacto significativo nos países pós-soviéticos. O PIB caiu até 50% na década de 1990 em algumas repúblicas, com a Rússia liderando a corrida para o fundo do poço, à medida que a fuga de capitais, o colapso industrial, a hiperinflação e a evasão fiscal cobravam o seu preço contra a população. O período pós-Gorbachev é descrito como um dos mais sombrios da história recente da Comunidade de Estados Independentes.

A crise também teve um impacto significativo na saúde da população, com um grande aumento nas taxas de mortalidade em alguns países e redução da expectativa de vida, como na Ucrânia.

8. Arafat, Rabin e Peres

Prêmio Nobel da Paz (1994): Foram premiados por seus esforços em alcançar um acordo de paz entre Israel e a Palestina (Oslo Accords).

O processo de paz não foi nada bem-sucedido, e o conflito israelense-palestino persiste até os dias de hoje levando a críticas sobre a eficácia do prêmio.

9. George Marshall

Marshall foi general de guerra e secretário de defesa dos EUA no pós-Segunda Guerra Mundial (Foto: Secretary of State General)

Prêmio Nobel da Paz (1953): Recebeu o prêmio por seu Plano Marshall, que ajudou a reconstruir a Europa após a Segunda Guerra Mundial.

Marshall coordenou o Exército Americano para o começo da Guerra da Coreia, e junto de Henry Truman, autorizou Douglas MacArthur a realizar o destacamento para a invasão da parte norte da Coreia, guerra que mataria milhares de pessoas e causaria a separação do país até os dias de hoje.

10. Mahatma Gandhi (ou melhor, a ausência dele)

Gandhi, um dos líderes do movimento independente da Índia

Mahatma Gandhi nunca ganhou o prêmio. Mesmo sendo considerado um dos principais líderes pacifistas do mundo e ter comandado parte da resistência indiana por décadas até a independência em 1947, Gandhi nunca foi laureado pelo prêmio.

Mesmo com diversas críticas contra Gandhi, em especial no âmbito de sua vida pessoal, sua atuação pacífica pelos seus objetivos políticos é vista como inspiradora até os dias de hoje. Menos pelo Prêmio Nobel da Paz.