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"Pena de morte": Nobel de Economia endossa Lula e critica taxa de juros do Brasil na véspera de decisão do BC

Joseph Stiglitz, professor da Universidade de Columbia, participou de evento do BNDES e fez declaração contundente contra a taxa de juros um dia antes de nova decisão do Banco Central sobre o tema

O economista Joseph Stiglitz.Créditos: Reprodução/TV Brasil
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As críticas e pressão que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem fazendo, desde o início de seu mandato, para que o Banco Central (BC) rediscuta a taxa básica de juros (Selic) do Brasil foram endossadas nesta segunda-feira (20) por Joseph Stiglitz, professor da Universidade de Columbia (EUA) e vencedor do Prêmio Nobel de Economia em 2001. 

A declaração do conceituado economista estadunidense foi feita no seminário “Estratégias de Desenvolvimento Sustentável para o Século XXI”, evento promovido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no Rio de Janeiro. A fala ocorre apenas um dia antes do início da nova discussão a ser realizada pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom/BC) para rever ou manter a taxa de juros de 13,75%, em voga desde agosto de 2022. 

“A taxa de juros de vocês é, de fato, chocante. Uma taxa de 13,7%, ou 8% real, é o tipo de taxa de juros que vai matar qualquer economia. É impressionante que o Brasil tenha sobrevivido a isso, que seria uma pena de morte. E parte da razão disso é que vocês têm bancos estatais, como o BNDES, que tem feito muito com essas taxas de juros, oferecendo fundos a empresas produtivas para investimentos de longo prazo com juros menores”, declarou Stiglitz. 

“A necessidade de se adaptar à transição verde e reduzir a desigualdade torna ainda mais urgente buscar modelos econômicos alternativos. As questões do Brasil são mais urgentes do que em outros países ao redor do mundo. O Brasil sempre foi descrito como o país do futuro, mas o futuro continua sempre deixado para o futuro”, emedou o professor. 

Alckmin

Presente no mesmo seminário do BNDES, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviço, Geraldo Alckmin, também criticou a taxa de juros do Brasil e fez coro à pressão para que o Banco Central revise o índice Selic. 

“Não há nada que justifique 8% de juro real acima da inflação quando não há demanda explodindo e de outro lado quando o mundo inteiro está praticamente com juro negativo”, disse.

“Temos inúmeros desafios, entre eles imposto e o custo do dinheiro, os juros altos. Mas o governo Lula está muito empenhado em fazer a reforma tributária. Vai simplificar cinco tributos em um único imposto, o IVA, que vai reduzir o custo Brasil”, afirmou ainda. 

Presidente da Fiesp

Presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes da Silva reforçou as críticas à taxa de juros imposta pelo Banco Central em declaração feita no seminário do BNDES. Segundo ele, a atual taxa Selic é "pornográfica".

“É inconcebível a atual taxa de juros no Brasil. Muitos querem associá-la a um problema fiscal. A tese é que há um abismo fiscal. Abismo fiscal num país que tem 73% do PIB de dívida bruta. Tirando as reservas [cambiais] são mais ou menos 54% de dívida. Tirando o caixa do Tesouro Nacional, são menos de 45% do PIB de dívida líquida, num país com a riqueza do Brasil. Então, esta n??o é uma boa explicação para as pornográficas taxas de juros que praticamos no Brasil”, disparou.