As catástrofes naturais, intensificadas pela crise climática, já causaram 43,1 milhões de descolamentos de crianças nos últimos seis anos, segundo relatório da Unicef publicado nesta sexta-feira (6).
O estudo, intitulado “Crianças deslocadas num clima em mudança” analisa o deslocamento forçado de crianças em 44 países devido às quatro catástrofes mais comuns: tempestades, secas, inundações e incêndios florestais, e também faz projeções para mudanças futuras.
Te podría interesar
Segundo a pesquisa, são aproximadamente 20 mil deslocamentos de crianças por dia. Os dados, porém, não revelam quantos menores se deslocaram no total, pois uma criança pode mudar de lugar várias vezes.
Essas “vítimas invisíveis” podem ficar separadas de seus pais ou cuidadores, o que aumenta os riscos de exploração, tráfico e abuso. Além disso, o movimento transitório também prejudica o acesso à educação e saúde, expondo as crianças à subnutrição, doenças e imunização inadequada.
Te podría interesar
Em números, as inundações e as tempestades foram responsáveis por 40,9 milhões (95%) dos deslocamentos de crianças registrados no período.
As secas provocaram mais de 1,3 milhão de deslocamentos internos de crianças
Os incêndios florestais provocaram 810 mil deslocamentos de crianças, com contração no ano de 2020 e no Canadá, Estados Unidos e Israel.
Países com mais deslocamento de crianças
China e Filipinas lideram como os países que mais registraram números absolutos elevados de deslocamento de crianças. Isso se deve, de acordo com a pesquisa, à maior exposição das regiões a condições meteorológicas extremas. O grande contingente população de crianças e o avanço na capacidade de evacuação também são fatores considerados.
Dominica (Caribe) e Vanuatu (Oceania) são as regiões onde crianças foram as mais afetadas pelas tempestades. Na Somália e no Sudão do Sul, as cheias foram a principal razão para o deslocamento.
A diretora executiva do UNICEF, Catherine Russell, ressalta que “para aqueles que são forçados a fugir, o medo e o impacto podem ser especialmente devastadores, com a preocupação de voltar para casa, retomar a escola ou ser forçados a mudar-se novamente. O deslocamento pode ter salvado sua vida, mas também é muito perturbador”.
Ela também afirma que já há ferramentas e conhecimento para responder a esse desafio, mas que agimos “lentamente demais”.
Precisamos intensificar os esforços para preparar as comunidades, proteger as crianças em risco de deslocamento e apoiar as que já estão desenraizadas
A Unicef também projeta que quase 96 milhões de crianças podem ser deslocada nos próximos 30 anos devido a enchentes ribeirinhas. Já os ciclones têm potencial para deslocar 10,3 milhões, e as tempestades, e 7,2 milhões de crianças.
Projeção para o Brasil
O Brasil, que já vem sofrendo as consequências das mudanças climáticas, como no Rio Grande do Sul e no Amazonas, pode deslocar aproximadamente 1,5 milhão de crianças nos próximos 30 anos.