Primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu provocou uma crise no governo sionista após acusar os chefes de Inteligência e do Shin Bet (Agência de Segurança, que atua como uma espécie de Abin israelense) por uma falha no dia 7 de outubro, quando soldados da Al-Qassam, o braço armado do Hamas, promoveram um ataque que matou cerca de 1.400 israelenses e desencadeou a reação genocida em Gaza.
"Em nenhum momento foi dado um aviso ao primeiro-ministro sobre a intenção do Hamas de iniciar uma guerra. Pelo contrário, todos os responsáveis da defesa, incluindo os chefes de Inteligência e do Shin Bet (Agência de Segurança de Israel), avaliaram que o Hamas não estava focado nisso. Esta foi a avaliação submetida repetidamente ao primeiro-ministro e ao gabinete por todas as entidades da defesa e a comunidade de inteligência até o início da guerra", escreveu Netanyahu em publicação na rede X, antigo Twitter, na madrugada deste domingo (29).
Te podría interesar
A publicação causou fúria dentro da ala mais extremista dentro do próprio governo e da oposição, que em parte tem dado apoio à ação desproporcional de Israel em Gaza.
Te podría interesar
Representante da extrema-direita fascista no governo, o ministro da Segurança Nacional Itamar Ben Gvir rebateu em publicação em que diz que “o problema não são avisos específicos, mas sim todo o conceito equivocado. A política de contenção, a dissuasão imaginária e a compra de tranquilidade temporária por um preço exorbitante”. Para Ben Gvir a discussão “não é para agora” e haverá “muito tempo depois para uma prestação de contas”.
A crítica mais dura, no entanto, foi de Benny Gantz, líder do partido opositor União Nacional, que se juntou ao governo para embasar os ataques em Gaza.
Gantz, que esteve com Netanyahu horas antes na primeira entrevista coletiva após o início da guerra, foi à rede e em dura mensagem afirmou que "o Primeiro-Ministro deve retratar-se da sua declaração de ontem à noite e parar de tratar do assunto".
"Esta manhã, em particular, gostaria de apoiar e fortalecer todas as forças de segurança e os soldados das FDI - incluindo o Chefe do Estado-Maior, o chefe das FDI e o chefe do Shin Bet. Quando estamos em guerra, a liderança devem mostrar responsabilidade, decidir fazer as coisas certas e fortalecer as forças de uma forma que possam realizar o que exigimos delas. Qualquer outra acção ou declaração - prejudica a capacidade de resistência das pessoas e a sua força.
O Primeiro-Ministro deve retratar-se da sua declaração de ontem à noite e parar de tratar do assunto.
Eu disse ontem que um pesado fardo recai sobre os ombros dos chefes das forças de segurança pelo que foi e será, esta manhã, gostaria de enfatizar - estamos todos convosco e atrás de vós, toda a sociedade israelita carrega o fardo . Não olhe para cima nem para trás - continue sua missão", escreveu Gantz.
A publicação de Netanyahu também foi alvo de críticas de aliados próximos, como o ex-chefe do Mossad, Yossi Cohen. “Responsabilidade é algo que você assume no início do seu trabalho, não no meio do caminho”, afirmou ele, que deixou o comando do serviço de inteligência de Israel em junho de 2021. "Tudo o que aconteceu na agência, de cima a baixo, foi minha responsabilidade”, emendou, sem citar se houve algum aviso sobre ataque do Hamas em 7 de outubro.
Líder da oposição, que não aderiu à coalizão, Yair Lapid tuitou que “Netanyahu cruzou a linha vermelha esta noite” e deve pedir desculpas.
“Enquanto os soldados e comandantes das FDI [Forças de Defesa de Israel] lutam valentemente contra o Hamas e o Hezbollah, ele tenta culpá-los em vez de apoiá-los. As tentativas de fugir à responsabilidade e colocar a culpa no sistema de segurança enfraquecem as FDI enquanto lutam contra os inimigos de Israel. Netanyahu deve pedir desculpas pelas suas palavras”, escreveu.
Diante das críticas, Netanyahu apagou o tuite e escreve uma nova mensagem na manhã deste domingo se desculpando.
'Eu estava errado. As coisas que disse após a conferência de imprensa não deveriam ter sido ditas e peço desculpa por isso. Dou total apoio a todos os chefes das forças de segurança. Estou fortalecendo o Chefe do Estado-Maior e os comandantes e soldados das FDI que estão na frente e lutando pelo país. Juntos, vamos ganhar", escreveu.