"Eles explodiram a cerca eletrônica, aquela cerca especial que custou 2,5 bilhões de dólares para ser construída, mas não ajudou em nada. Cercaram nossas casas. Eles espancaram pessoas, fizeram alguns reféns. Não faziam distinção entre jovens e idosos, foi muito doloroso. Eles nos levaram até a entrada dos túneis. Chegamos no túnel e caminhamos quilômetros em piso molhado. Há um sistema gigante de túneis, como teias de aranha".
A descrição foi feita por Yocheved Lifshitz, de 85 anos de idade, colocada em liberdade ontem pelo Hamas.
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Ao ser entregue à Cruz Vermelha Internacional, Yocheved se despediu com um aperto de mão do soldado do Hamas que a acompanhava, causando furor nas redes sociais. Ela foi alvo de todo tipo de acusação.
"Quando chegamos lá, eles nos disseram que eram crentes no Corão, que não nos fariam mal e que teríamos de viver nas mesmas condições que eles nos túneis. Começamos a andar nos túneis, a terra estava úmida, tudo estava úmido. Chegamos a um salão com 25 pessoas. Depois de 2 a 3 horas eles separaram cinco pessoas do meu kibutz, Nir Oz. Eles nos guardavam de perto", ela contou.
Yocheved fez duras críticas ao governo de Benjamin Netanyahu, dizendo que os reféns se tornaram bodes expiatórios de incompetência no alto escalão.
Fomos abandonados pelo governo três semanas antes. [O Hamas] nos informou, por assim dizer. De repente no sábado de manhã [de 7 de outubro] quando tudo estava tranquilo, eles nos bombardearam, depois enxames invadiram a cerca, abriram as portas do kibutz, foi muito desagradável
Yocheved e o marido são ativistas pela paz. Segundo um parente, atuaram para levar doentes palestinos em estado grave para tratamento em hospitais de Israel.
No depoimento, ela disse que os reféns tinham acompanhamento de um médico e uma enfermeira.
O marido de Yocheved, Oded, de 83 anos de idade, continua prisioneiro em Gaza.
Eles nos trataram bem, cuidaram de todos os detalhes... higiene feminina. Limparam nossos banheiros, limparam! Limparam com Lysol, para não pegarmos doenças, estavam preocupados com uma peste. Nós lhes dissemos: nada de política. Mas eles conversaram sobre todo tipo de coisa. Eles foram muito amigáveis conosco. [...] Eles garantiram que comessemos a mesma comida que eles -- pão pita com queijo branco, queijo processado e pepino.
Sobre o gesto que causou furor nas redes, Yocheved explicou com simplicidade:
Eles nos trataram gentilmente e cuidaram de nós. Eles estavam prontos para isso, já estavam se preparando há algum tempo. Eles tinham tudo que as mulheres e os homens precisavam. Até shampoo e condicionador