PALESTINA

Eles querem guerra: a dobradinha Biden-Netanyahu contra os palestinos

Visita do presidente dos EUA a Israel confirma apoio irrestrito de Washington ao apartheid israelense

Joe Biden e Netanyahu em reunião nesta quarta-feira (18)Créditos: Casa Branca
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Nesta quarta-feira (18), o presidente dos EUA, Joe Biden, teve um encontro com Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelense, e anunciou que irá pedir um pacote de reforço militar ao Congresso dos EUA com direção à defesa do estado de Israel (ou ao ataque da população de Gaza).

O anúncio de Biden vem acompanhado do veto dos EUA à resolução brasileira em favor de "pausas humanitárias" e da criação de corredor para a fuga de civis e refugiados palestinos, reforçando o apoio incondicional estadunidense ao massacre israelense em Gaza. A embaixadora dos EUA na ONU afirmou que Washington rejeitou a proposta porque o Brasil não considerou o "direito de autodefesa" de Israel na proposta.

A declaração de amor de Biden a Netanyahu e sua guerra foi reforçada através das redes sociais. "Vim para Israel com uma mensagem simples: Vocês não estão sozinhos. Enquanto os Estados Unidos resistirem – e resistiremos para sempre – vocês não estarão sozinhos", afirmou o presidente no X, antigo Twitter.

A relação entre Biden e Israel tem se reforçado na última semana. "Isso infelizmente confirma a impressão inicial de que os EUA não estão dispostos a encontrar uma decisão negociada. A representante disse que não queriam discutir o texto porque não desejam que o Conselho de Segurança trate deste tema", disse à Fórum a socióloga Rita Coitinho, doutora em Geografia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), integrante do Conselho Consultivo do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz).

Antes do conflito, Israel passava por uma série de protestos anti-Netanyahu e mais de 80% da população de Israel acredita que ele é o responsável pelos ataques do Hamas. Contudo, o discurso rígido anti-Palestina de Bibi e sua escalada antidemocrática não é um problema para Biden.

De acordo com a analista internacional e pesquisadora em geopolítica Rose Martins, as decisões dos EUA não apresentam nenhuma novidade. O veto à resolução brasileira não é uma novidade, de acordo com a analista.

"A parceria Biden e Netanyahu está em conformidade com uma estratégia e posição histórica dos EUA de alinhamento com Israel. O veto dos EUA à proposta brasileira era uma posição esperada.. A possibilidade de uma aprovação de qualquer resolução mesmo que rebaixada, não muito objetivo e sem grandes condições de concretude, mesmo uma proposta desse tipo, os EUA não votariam favoráveis porque não querem o protagonismo de outro país nesses espaços internacionais", afirma a doutoranda.

E a Rússia no conflito?

A Rússia propôs uma resolução que exigia cessar-fogo e condenava os ataques de civis oriundos de Israel. Contudo, o país teve sua proposta vetada por EUA, França e Reino Unido, que possuem cadeiras permanentes no Conselho de Segurança da ONU.

A posição forte da Rússia contra Israel tem a ver com interesses geopolíticos? Para Rose Martins, não. "Nos últimos anos, a Rússia tem mantido uma relação amistosa com Israel. Mas o que me parece nesse momento é que a diplomacia entendeu a escalada de violência por parte de Israel nesse momento. Não se trata só de um posicionamento geopolítico", afirma Martins.

"Neste momento, questões geopolíticas devem ser levadas em consideração quando a gente está tratando os países da região, não necessariamente países que têm uma certa distância desse tema. Não dá para a gente colocar interesses geopolíticos o tempo todo porque a questão humanitária é o centro das discussões e deve ser o centro das discussões nesse momento. A posição da Rússia é essa. É entender os culpados. Não é pura e simplesmente contraposição aos EUA", completa a analista.

O Kremlin é parceiro do governo Bashar al-Assad, da Síria, e mantém boas relações com o Irã, dois inimigos de Israel. A relação entre Putin e Mohammad bin Salman, da Arábia Saudita, - que chegou a se aproximar de Tel Aviv, mas agora se distancia - também tem melhorado.

Para ela, esses elementos colaboram para explicar o veto, mas não mais do que o alinhamento entre Israel e EUA. "A rejeição dos EUA se relaciona com a Síria, com a Arábia Saudita e Irã, na posição desses países em relação à Rússia. Mas ela tem mais a ver com a posição histórica de alinhamento com Israel", afirma.