O presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal) Ualid Rabah concedeu entrevista ao programa Fórum Café desta terça-feira (17). A liderança palestina reforçou suas críticas ao sionismo e ao estado israelense, e reforçou a preponderância dos EUA nesse conflito de forma global.
Ualid denunciou os bombardeios israelenses em Gaza, que já mataram mais de mil menores de idade e deslocaram mais de 1 milhão de pessoas para fora de suas casas desde o início do conflito, em 7 de outubro de 2023.
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“Estamos diante de um verdadeiro morticínio. Em termos numéricos simples, são 4,2 mil mortos, mais de mil crianças e 11 mil feridos. É como se tivéssemos em uma semana, no Brasil, 420 mil mortos e 100 mil crianças”, afirmou Ualid.
“Tem uma dramaticidade numérica absurda”, completou o líder político.
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O avanço das mortes palestinas em Gaza é apenas a intensificação de um processo que Israel já faz há anos: cercar e assassinar árabes em seu território, isolá-los em guetos e transformá-los em alvos.
“É um modelo de limpeza étnica, um modelo de apartheid, que pretende ser um modelo global a ser aplicado em qualquer canto do mundo”, afirma Ualid Rabah.
Ele afirma que uma ação bem sucedida em Gaza e contra o Hamas dará poder a outros líderes para que repliquem o mesmo modelo de apartheid e morticínio em seus países. “Imagine as elites bombardeando Soweto com caças”, disse, citando o ativista anti-apartheid Desmond Tutu.
A questão global
Ualid afirmou que o conflito tem que ser analisado a partir de uma perspectiva de guerra internacional.
O presidente da FEPAL citou a aproximação dos Brics com os países do Oriente Médio - como Arábia Saudita, Egito, Irã e Emirados Árabes, novos integrantes -, além dos acordos mediados pela China entre persas e sauditas.
Segundo Rabah, essas movimentações no tabuleiro da Ásia Ocidental fragilizam a hegemonia estadunidense na região, que tem como principal ponta de lança o estado de Israel.“"A gente tem que olhar para o grande inimigo da raça humana nesse momento, que são os Estados Unidos. O Benjamin Netanyahu é uma rainha da Inglaterra. Essa guerra é comandada pelos EUA e é uma guerra existencial para a hegemonia do Ocidente", afirmou Rabah.
“[A hegemonia dos EUA] está se esfarelando. Esse é um quadro que desfavorece o regime sionista, desfavorece a maquinaria estadunidense de guerra. Cada munição, aeronave e sistema que assassina os palestinos é tecnologia dos EUA. O Netanyahu é o capitão da PM brasileira assassinando por lá. Não mais do que isso”, completou Ualid.
Ele afirma que é “claro” que Biden não vai publicamente dar as ordens, mas que ele é quem decide sobre a invasão de Gaza ou não. Resta observar os próximos movimentos.
Confira a entrevista completa de Ualid Rabah à TV Fórum nesta terça-feira: