Tropas israelenses se concentram na fronteira com a Faixa de Gaza desde o último sábado (14), quando autoridades do Estado de Israel anunciaram uma nova ofensiva - dessa vez por terra, água e ar - a ser empregada ao longo da próxima semana contra o enclave palestino. Neste domingo (15) a concentração de militares na região fronteiriça aumentou.
Ontem o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netahyanu, disse a soldados que já estavam enfileirados na fronteira com o enclave palestino que “isso vai continuar”.
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“Vocês estão prontos para o que está por vir? Isso vai continuar”, exclamou o premiê de extrema direita, que vestia um colete à prova de balas. O vídeo foi divulgado pelo seu gabinete momentos depois do jornal Haaretz informar, baseado em documentos oficiais do Exército israelense, que o país se prepara para uma ofensiva “completa” contra os palestinos.
O comunicado do Exército israelense exposto pelo jornal promete uma operação por terra até o “coração de Gaza”, para resgatar reféns do Hamas, e também aponta que todos os “batalhões e soldados” estão “prontos” para a ofensiva.
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“Com o suporte de um grande esforço logístico e centenas de milhares de reservistas recrutados, as Forças de Defesa de Israel (FDI) se preparam para implementar uma vasta gama de planos ofensivos operacionais, que podem incluir ataques combinados e coordenados por via aérea, marítima e terrestre”, diz o comunicado.
Dado o histórico do conflito e a própria localização geográfica da Faixa de Gaza, o mais provável é que a Marinha israelense mantenha o bloqueio das saídas marítimas de Gaza, à oeste, com as armas apontadas para o enclave palestino que tem cerca de 40 km de litoral e 2,3 milhões de habitantes. Enquanto isso, a Força Aérea deve apoiar a invasão terrestre das tropas do Exército israelense com mais bombardeios.
Na última sexta-feira (13) Israel ordenou que a população do norte de Gaza evacuasse a área em até 24h. O prazo, que terminaria às 10h de sábado (14), foi alongado, o que não impediu que os israelenses atacassem os civis que fugiam da localidade. De acordo com a Autoridade Palestina, mísseis foram lançados contra civis na região e deixaram mortos.
Ao todo 3,6 mil pessoas já morreram em ambos os lados. Na contagem palestina, Israel já matou 2,6 mil pessoas, das quais 724 são crianças. Há também mais de 1 milhão de desabrigados.
Por sua vez, os israelenses contam 1,3 mil mortos pelo Hamas durante os ataques que originaram a declaração oficial de guerra, entre os quais há 279 soldados. Além deles, os israelenses contam 155 reféns em Gaza em poder do Hamas que, por sua vez, diz que nove deles foram mortos em decorrência dos bombardeios.
“Catástrofe humanitária sem precedentes”
Desde que Israel começou a revidar os ataques do Hamas, a crise humanitária já instalada no território com os bloqueios israelenses escalou para o que Philippe Lazzarini, comissário-geral da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (Unrwa), chamou de “catástrofe humanitária sem precedentes”.
Além do impedimento da entrada de alimentos, água potável, eletricidade e combustíveis no enclave palestino, ainda foram registrados dezenas de bombardeios a áreas civis e a corredores humanitários. Hospitais, residências e aparatos de infraestrutura foram atingidos.
“Nem uma fora de água, nem um grão de trigo, nem um litro de combustível foi permitido na Faixa de Gaza nos últimos oito dias. Façam o alerta de que a partir de hoje, meus colegas da Unrwa em Gaza não estão mais conseguindo prestar assistência humanitária. Na verdade, Gaza está sendo estrangulada e parece que a guerra nesse momento perdeu sua humanidade”, declarou Lazzarini.
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