O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, usou as redes sociais neste domingo (15) para anunciar que não descarta cortar relações com Israel. A declaração vem num contexto de rusgas entre o mandatário colombiano e o estado judaico por conta da guerra que atinge o povo palestino com graves violações de direitos humanos. As rusgas, iniciadas por discursos do colombiano contrários à guerra, escalaram para o anúncio do corte de exportações israelenses ao país da América Latina que motivou a recente declaração de Petro.
“Se for preciso suspender relações com Israel, suspenderemos. Não apoiamos genocídios. Convoco a América Latina a uma solidariedade real com a Colômbia. Não se insulta o presidente colombiano. E se não formos capazes disso, o desenvolvimento da história é quem dirá a última palavra como na Grande Guerra do Chaco”, escreveu o mandatário, lembrando do conflito que envolveu a Bolívia e o Paraguai na década de 1930.
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A crise diplomática começou praticamente junto com a guerra entre o Estado de Israel e o Hamas. Na última semana, o partido islâmico-palestino promoveu ataques contra territórios controlados atualmente pelos israelenses que, por sua vez, declararam guerra ao grupo e passaram a bombardear a Faixa de Gaza, de onde partiram os primeiros ataques.
A fim de repudiar o conflito, e lembrando os constantes bombardeios de Israel sobre Gaza mesmo em momentos de “paz”, o mandatário colombiano fez duras críticas à ação israelense sobre o território, comparando-a ao Holocausto, episódio histórico em que judeus que vivam na Europa sofreram um processo de genocídio e limpeza étnica por parte do ditador alemão Adolf Hitler.
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O presidente colombiano enfatizou a necessidade de Israel e Palestina se sentarem à mesa de negociações e trabalharem rumo a uma solução de dois Estados. Ele fez comparações históricas entre a situação em Gaza e atrocidades passadas. Em um comunicado postado no X, anteriormente Twitter, ele disse: "Gaza hoje aparece destruída ou mais do que o gueto de Varsóvia depois de ser destruído pela barbárie nazista em resposta à insurreição judaica e socialista naquele campo de concentração".
“Nos convocaram para a guerra. Convocaram a América Latina para entregar máquinas de guerra e homens para ir aos campos de combate. Mas se esqueceram que eles mesmos invadiram os nossos países por várias vezes, os mesmos que hoje falam em lutar contra invasões. Se esqueceram que por petróleo invadiram o Iraque, a Síria e a Líbia. Se esqueceram que as mesmas razões que expressam para defender Zelensky são aquelas com as quais deveriam defender a Palestina. E se esqueceu que para cumprir as metas de desenvolvimento sustentável era preciso parar todas as guerras”, discursou Petro em vídeo que publicou nas redes sociais.
Obviamente, a declaração de Petro foi muito mal recebida em Israel, cujo governo convocou Margarita Manjarrez, a embaixadora colombiana no país, para uma reunião em que avaliou a declaração do presidente como “hostil” e “antissemita”. Na mesma reunião, o governo israelense também disse que recebeu a declaração com surpresa e a interpretou como um apoio ao Hamas.
Nesse contexto, o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores de Israel, Lior Haiat, veio a público para repudiar a declaração de Petro e anunciar o corte das exportações de seu país à Colômbia. Foi essa declaração que motivou a resposta do presidente colombiano, de que não descartaria cortar relações com os israelenses.
“Por instrução do ministro das Relações Exteriores, Eli Cohen, o Subdiretor-Geral para a América Latina no Ministério das Relações Exteriores de Israel, o embaixador Jonathan Peled, convocou a embaixadora da Colômbia em Israel, Margarita Manjarrez, para uma conversa de reprimenda, devido às declarações hostis e antissemitas do presidente da Colômbia, Gustavo Petro, contra o Estado de Israel durante a última semana (…) Israel condena as declarações do presidente que refletem apoio às atrocidades cometidas pelos terroristas do Hamas, alimentam o antissemitismo, afetam os representantes do Estado de Israel e ameaçam a paz da comunidade judaica na Colômbia. Em resposta, como primeira medida, Israel decidiu interromper as exportações de segurança para a Colômbia”, disse.