No necrotério do maior hospital de Gaza, o Shifa, cabem apenas 30 corpos.
Mas o incessante bombardeio de Israel forçou funcionários a empilhar os mortos em salas refrigeradas ou colocá-los, sob o calor, do lado de fora do hospital.
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Eram 18 horas de Brasília neste domingo quando a contagem de mortos atingiu 2.670 em Gaza, com mais de dez mil feridos e mil desaparecidos sob escombros.
Mais de 700 mortos são crianças.
Fulla Al-Laham, de 4 anos de idade, sobreviveu mas ficou órfã. Ela está internada. Um bombardeio de Israel matou os pais, irmãos e parentes de Fulla -- 14 pessoas ao todo.
No campo de refugiados de Jabalia, uma bomba matou Hamed Hassan Abu Aita e oito filhos e netos, informa a Agência Palestina de Informações.
A UNICEF fez um alerta sobre a possível falta de provisões essenciais nos hospitais, inclusive anestésicos.
Dominic Allen, representante da United Nations Fund para a Palestina, disse que as 5 mil grávidas que estão prestes a dar a luz em Gaza enfrentam enormes dificuldades:
Imagine passar por esse processo no último trimestre antes do parto, com possíveis complicações, sem roupas, sem higiene, sem apoio, e sem ter certeza do que o dia seguinte, a próxima hora, o próximo minuto trará para si e para seu filho.
Israel anunciou a retomada do abastecimento de água no sul de Gaza. Teria atendido a um pedido do presidente Joe Biden.
Mas moradores de Gaza receberam a notícia com um grão de sal. É que o sistema de distribuição foi atingido por bombardeios e a ONU não tem capacidade de distribuir a água que chega a reservatórios, por questões logísticas.
Fulla, a menina de 4 anos que perdeu 14 parentes, tem boas chances de sobrevivência. Por enquanto, traumatizada, ela não fala. Passa quase todo o tempo dormindo.
Mas o futuro é incerto, já que uma invasão por terra de Gaza, prevista para as próximas horas, pode ameaçar o funcionamento do hospital onde a menina está internada.