EM PÉ DE GUERRA

Líder do Hamas desafia Israel e diz que palestinos não vão deixar Gaza

Discurso foi transmitido ao vivo pela Al Jazeera, de local desconhecido

Desafio.O Hamas promete resistir a ataque por terra de IsraelCréditos: Reprodução Al Jazeera
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Ismail Haniya, líder sênior do Hamas, fez um discurso desafiador contra Israel uma semana depois do grupo que comanda ter promovido ataques a Israel, inclusive a matança de civis em uma rave e em áreas urbanas contíguas a Gaza.

Um grupo estimado em 150 pessoas foi feito refém.

De acordo com o Hamas, nove reféns foram mortos no subsequente bombardeio de Israel a Gaza, uma informação impossível de confirmar.

Haniya não assumiu os ataques a civis, dizendo que o Hamas adere à ética islâmica.

O discurso foi transmitido ao vivo, parcialmente, pela Al Jazeera.

Líder do Hamas desde 2017, Haniya apareceu ao lado de bandeiras da Palestina e do grupo que comanda.

A emissora baseada no Catar também tem transmitido ao vivo os discursos do presidente Joe Biden e do primeiro ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.

Pouco depois da fala, a emissora mostrou dezenas de blindados de Israel que se concentram ao norte de Gaza supostamente para iniciar uma incursão por terra.

Haniya prometeu resistir ao ataque de Israel contra Gaza.

Referiu-se aos "irmãos" do Egito, que estariam decididos a impedir a migração em massa de palestinos em direção ao deserto do Sinai.

Sua principal mensagem foi de que não haverá retirada em massa de palestinos da Faixa de Gaza.

No momento, Estados Unidos, Catar, Egito e Israel discutem a possibilidade de abrir um corredor humanitário na passagem de Rafah, na fronteira de Gaza com o Egito.

Há dúvidas sobre como será utilizado este corredor. 

O Egito despachou um comboio de ajuda humanitária à fronteira, mas diz que não vai receber milhares de palestinos em fuga.

Os Estados Unidos querem a retirada de cerca de 500 cidadãos de dupla cidadania que vivem em Gaza.

O discurso de Haniya parece ter mirado em incentivar os moradores de Gaza a permanecer no território de apenas 365 quilômetros quadrados.

Milhares atenderam ao ultimato de Israel e deixaram o norte de Gaza.

A região que Israel pretende esvaziar inclui a cidade de Gaza, de mais de 500 mil habitantes, além de Jabalia.

HOSPITAIS EM RISCO

O diretor do hospital de Jabalia disse que não tem condições de atender à demanda israelense de transferir todos os feridos.

Ahmed Muhanna, do hospital Al Awda, disse à agência turca Anadolu que recebeu uma chamada do Exército de Israel na sexta-feira para bater em retirada.

Isso não é possível. Alguns pacientes foram retirados, mas outros não podem por causa da gravidade de seu estado. Os 35 médicos e sua equipe estão determinados a permanecer

O Hospital de Campo da Jordânia, que atendia mais de mil pacientes por dia, deixou de funcionar por conta de dificuldades logísticas causadas pelo bombardeio israelense.

No maior hospital de Gaza, o Shifa, a equipe também decidiu permanecer. Lucia Elmi, representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) para a Palestina, disse à agência Ansa:

Falei com colegas que trabalham para o Ministério da Saúde em Gaza, e os médicos e diretores dos maiores hospitais, incluindo o de Shifa, com quem o Unicef colabora no departamento neonatal, nos disseram que não conseguem remover os doentes, as crianças que estão nas incubadoras, as parturientes, e decidiram ficar ali

De acordo com a emissora Al Jazeera, 600 crianças palestinas já morreram em Gaza sob bombardeio de Israel.

A falta de energia, água e comida ameaça promover uma catástrofe humanitária.

Em seu discurso, o representante do Hamas disse antever o dia em que os palestinos vão recuperar as terras que lhes foram tomadas por Israel.

A realidade, no entanto, é que os palestinos de Gaza estão sob intensa pressão para abandonar suas casas.

Os que tiveram seus bens bombardeados, cerca de 250 mil, já se transformaram em refugiados em seu próprio território.