O pântano de Wadi Gaza é a única reserva natural da faixa de Gaza, que tem em seu ponto mais largo apenas 12 quilômetros de extensão.
Apesar de iniciativas estrangeiras para recuperar o santuário, por tratar-se de um ponto de passagem para aves migratórias, a constante falta de energia causada por bombardeios de Israel tornou a tarefa impossível.
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Gaza está sob cerco, vigilância e controle externo de Israel desde que o Hamas assumiu o poder, depois de vencer eleições em 2006.
Nas últimas horas, Israel espalhou panfletos sobre o norte de Gaza convocando a população civil a se mover rumo ao Sul de Wadi Gaza.
Isso exigiria o movimento de 1,1 milhão de pessoas, metade da população do território palestino.
Seriam mais de 500 mil crianças retiradas de casa às pressas.
Embora milhares tenham deixado o território, a grande maioria permaneceu.
Os motivos são variados: não há eletricidade em Gaza, não há como abastecer o sistema de transportes, as ambulâncias estão ocupadas com o transporte de feridos e mesmo as rotas de escape estão sob bombardeio.
Num deles, 70 civis palestinos que tentavam escapar morreram.
Quem estava mais próximo de Wadi Gaza conseguiu fazer o trajeto a pé ou de carroça.
Mas nas imagens da fila de veículos deixando o norte de Gaza ficou claro que fugir foi mais fácil para a classe média, que tem veículos particulares.
A área que Israel pretende esvaziar inclui a cidade de Gaza, o maior centro urbano da faixa, com 500 mil habitantes.
Também fica nela o maior hospital do território, o Al Shifa, que está abarrotado de feridos e com o entorno ocupado por pessoas que tentam se proteger imaginando que o local não será bombardeado por Israel.
Da mesma forma, ficam na região dois dos maiores campos de refugiados sob administração das Nações Unidas. Eles abrigam majoritariamente gente destituída, que não tem como se deslocar.
Mohamed Mohawesh, um morador da cidade de Gaza, narrou o drama a uma emissora árabe.
Disse que sua família estendida não tem como se deslocar para o sul de Wadi Gaza, por falta de transporte.
Todos os dias a maior batalha dele é conseguir água.
Mohamed tem um filho de dois anos de idade, que está testemunhando o seu segundo bombardeio de Israel.
O jeito de manter o menino quieto na escuridão é juntar toda a família, o que acalma a criança.
A ONU faz trabalho humanitário em Gaza cuidando de uma rede de escolas e dos campos de refugiados.
É por isso que a equipe local, comandada pela canadense Lynn Hasting, publicou uma nota de alerta à comunidade internacional:
Os civis palestinos, incluindo mulheres e crianças, estão aterrorizados, feridos e traumatizados.
Esta medida [de Israel] causará uma tragédia humanitária que pode e deve ser evitada.
Isso ocorre logo após seis dias de ataques aéreos constantes que mataram cerca de 1.800 pessoas.
Além da destruição de infraestruturas e de um cerco total que priva os civis de electricidade, alimentos, combustível e água potável.
Um milhão de pessoas não consegue fugir num dia: muitas já estavam deslocadas ou não tem veículos e não puderam mover-se enquanto os bombardeios continuavam.
O deslocamento em massa coloca as vidas dos doentes e feridos em perigo imediato e há risco de um desastre de saúde pública.
O sistema de saúde em Gaza está à beira do colapso, os hospitais no sul da Faixa de Gaza estão lotados e incapazes de aceitar novos pacientes.
As guerras tem regras e os civis devem ser protegidos em todos os momentos.
Ao abrigo do direito internacional, Israel precisa tomar medidas de precaução em ataques futuros para limitar qualquer dano a civis e bens civis.
Determinadas a continuar a apoiar as necessidades da população de Gaza, as agências da ONU transferiram pessoal e operações para a parte sul da Faixa, para garantir que a prestação de assistência humanitária seja ininterrupta.
O acesso humanitário deve ser concedido imediata e incondicionalmente – vamos entregar a ajuda que é necessária.