POLÊMICA EM HOLLYWOOD

Por que as negociações entre Hollywood e os atores estão paralisadas

questões de streaming, IA e receita que estão impedindo um acordo na indústria do entretenimento

Hollywood enfrenta tempos turbulentos com negociações dos estúdios de cinema e televisão e o Sindicato de Atores dos Estados Unidos.Créditos: Pixabay/12019
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Hollywood enfrenta tempos turbulentos enquanto as negociações entre os gigantes dos estúdios de cinema e televisão e o Sindicato de Atores dos Estados Unidos (SAG-AFTRA) atingem um impasse crítico. Na quarta-feira (11) as conversas que visavam encerrar uma greve de três meses paralisaram, mergulhando a indústria do entretenimento em uma crise laboral que já custou bilhões à economia da Califórnia e deixou milhares de trabalhadores desempregados.

A SAG-AFTRA, que iniciou sua greve em julho, retomou as negociações com os estúdios recentemente, alimentando esperanças de um rápido acordo após o bem-sucedido encerramento da greve do Writers Guild of America (WGA). No entanto, a Aliança de Produtores de Cinema e Televisão (AMPTP), que representa gigantes da mídia como Netflix e Walt Disney, anunciou na quarta-feira que as negociações foram suspensas após considerar a última oferta sindical.

"A lacuna entre o AMPTP e o SAG-AFTRA é muito grande, e as conversas não estão mais nos movendo em uma direção produtiva", afirmou a AMPTP em comunicado.

A SAG-AFTRA, por sua vez, expressou sua decepção com a decisão dos estúdios de se afastarem da mesa de negociações. Em uma carta aos membros, o sindicato argumentou que negociou de boa fé, apesar de ter recebido uma oferta dos estúdios que, surpreendentemente, valia menos do que a proposta anterior à greve.

Uma questão central em disputa é a exigência da SAG-AFTRA de uma parcela da receita de streaming para ser distribuída como bônus aos membros do elenco. A AMPTP alega que essa proposta custaria mais de US$ 800 milhões por ano, criando um fardo econômico insustentável. O sindicato responde que esse cálculo foi exagerado em 60% e acusou os estúdios de usar táticas de intimidação.

Além disso, há preocupações sobre o uso de inteligência artificial (IA) na indústria do entretenimento. A SAG-AFTRA alega que os estúdios não estão fazendo o suficiente para proteger os artistas de serem substituídos por IA, enquanto a AMPTP afirma que obterá o consentimento dos atores antes de usar qualquer representação digital de suas imagens.

Os impasses também incluem questões salariais, com a AMPTP alegando que ofereceu termos semelhantes aos já aceites pelo WGA e pelo Directors Guild of America. No entanto, a SAG-AFTRA rejeitou essas ofertas.

Enquanto a WGA conseguiu encerrar sua greve com um novo contrato que inclui aumentos salariais e proteções em relação ao uso de IA, a SAG-AFTRA ainda está buscando um acordo satisfatório.

O futuro da indústria do entretenimento americana permanece incerto à medida que as partes envolvidas buscam solucionar essas divergências e restaurar a produção cinematográfica e televisiva no país. Até que um acordo seja alcançado, a incerteza e a tensão no coração de Hollywood continuarão a afetar inúmeros trabalhadores e a economia da Califórnia.