O presidente do Chile, Gabriel Boric, anunciou mudanças em seu governo após reconhecer o resultado do plebiscito que rejeitou a nova Constituição. Segundo a imprensa local, o Ministério do Interior deve ser o primeiro a sofrer mudança.
Os chilenos rejeitaram a proposta de uma Nova Constituição neste domingo (4) com 62% dos votos válidos contrários ao texto e 38% favoráveis. Foram pouco mais de 7,5 milhões de votos pelo “rechazo” e pouco menos de 5 milhões pelo “apruebo". O voto no plebiscito foi obrigatório para todos os chilenos com mais de 18 anos.
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Com a vitória do “não”, a Constituição de 1980 permanece em vigor e deve haver uma nova disputa em torno do processo constituinte. Os pontos polêmicos eleitoralmente provavelmente devem ser rediscutidos.
"O povo do Chile falou e o fez de forma forte e clara, nos entregando duas mensagens: a primeira, que quer e valoriza sua democracia, que confia nela para superar as diferenças e avançar e isso é ratificado neste processo eleitoral que teve a maior participação de cidadãos e cidadãs nas urnas em toda a nossa história”, disse Gabriel Boric horas após o resultado do plebiscito.
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Boric também fez questão de agradecer as instituições de Chile e destacar que elas, em seu país, funcionam.
“Em nome de todo o Chile, agradeço ao Serval (Serviço Eleitoral), às Forças Armadas e aos carabineros (policiais). No Chile, as instituições funcionam. Neste 4 de setembro a democracia chilena sai mais robusta, como foi visto e reconhecido pelo mundo todo. Um país que, em seus momentos mais difíceis opta pelo diálogo e pelo acordo para superar suas cisões e dores. E disso, compatriotas, devemos estar profundamente orgulhosos. Por isso, também quero fazer um reconhecimento a todos e todas que têm participado nessa ampla jornada de décadas”, disse.
Reafirmar liderança
Nesta segunda-feira (5), Boric deve se reunir com todos os líderes dos partidos opositores ao texto da Nova Constituição para discutir como dá prosseguimento à construção do novo texto constitucional.
O presidente do Chile também irá se reunir com os presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados para discutir os próximos passos do processo constitucional.
Os líderes dos partidos de oposição já declararam que estão dispostos a dar continuidade ao processo constitucional. Porém, críticos da maneira como se deu a construção do texto.
José Antonio Kast, líder da extrema direita e derrotado por Boric nas urnas, declarou que o processo constituinte "está encerrado" e que Boric "é o grande derrotado".
Por sua vez, Boric declarou que vai se empenhar para dar continuidade à construção do novo texto constitucional. "Estou empenhado em fazer tudo da minha parte, construir, junto com o Congresso e a sociedade civil, um novo itinerário constituinte que nos dará um texto que, coletando as lições aprendidas com o processo, consiga interpretar uma grande maioria dos cidadãos", declarou Boric.
Para parte dos analistas da imprensa chilena, Boric pode reconstruir a sua imagem e liderança se souber conduzir a construção do texto constitucional junto com o parlamento.
