EXTREMA-DIREITA VIBRA

Elon Musk quer trazer Trump de volta ao Twitter dispara: "Rede tem forte viés esquerdista"

Bilionário que adquiriu a rede social ao comprar 100% de suas ações classificou a decisão que baniu Trump permanentemente como "tola" e "ruim ao extremo"

Elon Musk e Donald Trump.Créditos: Divulgação/Casa Branca
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O bilionário sul-africano naturalizado estadunidense Elon Musk, que recentemente adquiriu o Twitter ao comprar 100% das ações da rede social, pretende reativar a conta do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, banido permanentemente da plataforma em janeiro de 2021. 

Musk, que encampa o discurso de "liberdade" e flerta com a extrema-direita global, classificou a decisão de banir Trump como "tola" e "ruim ao extremo" e indicou que, quando seu acordo para efetivamente se tornar dono do Twitter for concluído, tentará reverter a punição ao ex-presidente dos EUA. 

"Acho que não foi correto banir Donald Trump, acho que foi um erro. Eu reverteria a proibição permanente... Mas minha opinião, e Jack Dorsey [cofundador e atual CEO do Twitter], quero deixar claro, compartilha dessa opinião, é que não devemos ter proibições permanentes", disse em entrevista - a primeira desde a transação bilionária - ao jornal Financial Times nesta terça-feira (10). 

Trump foi banido do Twitter em janeiro de 2021 por incitar a violência à época da invasão do Capitólio, sede do Congresso dos EUA, numa tentativa de golpe contra a vitória de Joe Biden na eleição presidencial em que saiu derrotado. 

Na mesma entrevista ao Financial Times, Elon Musk ainda criticou o que chamou de "viés esquerdista" da rede social. "Acho que o Twitter precisa ser muito mais imparcial. Atualmente, tem um forte viés esquerdista porque está sediado em São Francisco", disparou. 

Extrema direita vibra 

O presidente Jair Bolsonaro (PL) não demorou para celebrar a venda de 100% das ações do Twitter a Elon Musk. Através da própria rede social, o chefe do Executivo brasileiro compartilhou uma postagem de Musk em que fala de "liberdade de expressão". 

"Espero que até meus piores críticos permaneçam no Twitter, porque é isso que significa liberdade de expressão", diz a publicação do magnata dono da Tesla divulgada por Bolsonaro. O filho "03" do presidente, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), também adorou a notícia e compartilhou a mesma postagem.

Fabio Faria, ministro das Comunicações do governo Bolsonaro e que já se reuniu com Musk, por sua vez, celebrou da seguinte maneira: "Congratulations [congratulações, ou "parabéns", em inglês], Elon Musk! Mais uma vez você está a dois passos na frente dos outros players e agora faz um gesto ao mundo e em defesa da liberdade!". 

A comemoração dos bolsonaristas não é à toa. Elon Musk flerta com a extrema direita global e a expectativa é que, uma vez dono do Twitter, a rede social seja o paraíso da disseminação de fake news e discurso de ódio, em nome da "liberdade de expressão".

Por inúmeras vezes Elon Musk demonstrou seu perfil autoritário. A mais notória delas foi quando admitiu, em junho de 2020, que "vai dar golpes em quem for necessário" para conseguir lítio ao comentar sobre a derrubada de Evo Morales na Bolívia. Desde o episódio, Morales tem apontado que existiam interesses internacionais nos recursos bolivianos.

"Nós vamos dar golpes em quem nós quisermos! Lide com isso", afirmou o bilionário ao ser questionado nas redes sobre o seu papel no golpe orquestrado na Bolívia em outubro de 2019 em razão das reservas de lítio presentes no país. Para desenvolver os carros elétricos, o mineral é fundamental, afinal as baterias desses veículos são de lítio.

Morales comentou sobre a declaração e disse que ela comprova o que já vinha dizendo. "Elon Musk, dono da maior fábrica de carros elétricos, fala sobre o golpe na Bolívia: 'Vamos dar golpes em quem quisermos'. Outra prova de que o golpe foi devido ao lítio boliviano; e dois massacres como saldo. Sempre defenderemos nossos recursos!", escreveu no Twitter.

Em entrevista à Fórum, em abril de 2020, Morales classificou o episódio ocorrido em novembro de 2019 na Bolívia como “um golpe ao índio, ao modelo econômico e um golpe ao lítio”. Sobre o minério, eles explicou que a Bolívia tem "as maiores reservas de lítio do mundo, maiores que as do Chile e da Argentina, e tínhamos um projeto de industrialização do lítio por conta própria, e os Estados Unidos não perdoaram essa nossa política".