A Rússia passou a usar um dispositivo que desorienta e torna ineficazes os radares e baterias antiaéreas da Ucrânia durante seus ataques com mísseis balísticos, o que assustou os militares e agentes dos serviços de inteligência dos EUA e de países da Otan.
A técnica consiste em liberar uma “chuva” de foguetes pequenos, com pouco mais de 30 centímetros, equipados com emissores de radiofrequência e focos de calor, que embaralham e confundem os radares inimigos, abrindo caminho para que na sequência os poderosos mísseis Iskander atinjam seus alvos estabelecidos, tornando o sistema de defesa antimísseis ucraniano praticamente nulo.
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Os artefatos que “desarmam” as defesas aéreas têm formato de dardos brancos, com uma faixa laranja na parte inferior, e são liberados do corpo do próprio míssil Iskander, assim que a arma detecta uma possível ameaça antiaérea inimiga.
Moderno e destruidor, o Iskander é um míssil balístico de curto alcance que pode carregar ogivas de vários tipos, das explosivas convencionais mais comuns, além de ovigas fragmentadoras, termobáricas, até nucleares. Esses mísseis, que alcançam alvos a 320 km de distância, estão atingindo áreas na Ucrânia sem sofrerem interceptações por parte das defesas de Kiev, o que até então era um “mistério”.
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Com a descoberta e a localização dos pequenos dardos-isca utilizados pelos russos, os agentes de inteligência norte-americanos e europeus começam a entender por que os ataques levados a cabo por Moscou utilizando o Iskander têm sido tão eficientes.
O jornal argentino Clarín informa que um militar, identificado como Richard Stevens, que atuou 22 anos no exército do Reino Unido como especialista em explosivos, foguetes e mísseis, com 10 anos de experiência na Guerra do Iraque e em outros conflitos, se mostrou “perplexo” com o mecanismo engenhoso e único utilizado pelos russos. “Nunca vi nada parecido com isso, com essas munições misteriosas, antes”, teria publicado Stevens numa página voltada para assuntos militares, segundo o diário de Buenos Aires.
Já o The New York Times, dos EUA, traz a informação de que um agente da CIA, a agência de espionagem norte-americana, sob condição de anonimato, explicou que o sistema causou surpresa, uma vez que mecanismos de “ajuda de penetração” são conhecidos desde a Guerra Fria, mas não com a simplicidade, e ao mesmo tempo complexidade, das iscas russas descobertas na Ucrânia, e muito menos para uso em ogivas convencionais (não-nucleares).