O presidente da Rússia, Vladimir Putin, em pronunciamento sobre os ataques militares que iniciou na madrugada desta quinta-feira (24) na Ucrânia, afirmou que busca "desnazificar" o país vizinho. "Vamos tentar alcançar a desmilitarização e desnazificação da Ucrânia. E levar à Justiça aqueles que realizaram múltiplos crimes sangrentos contra civis, incluindo cidadãos da Federação da Rússia", disse o líder russo em um trecho de seu discurso.
As origens e motivações para o conflito entre os dois países vêm de longa data e têm relação, principalmente, com a influência da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e dos Estados Unidos na região - o que para o governo russo representa uma ameaça.
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Essa tensão chegou ao ápice em 2014, quando ultranacionalistas que eram contra o presidente ucraniano Viktor Yanukovych, pró-Rússia, tomaram as ruas com protestos, em um movimento que ficou conhecido com Euromaiden. O levante derrubou o governante que, aliado ao governo russo, tinha se recusado a assinar um acordo para se associar à União Europeia. Depois desse movimento que a Crimeia, que não reconheceu o novo governo, foi anexada à Rússia, após referendo.
Em meio a esses conflitos surgiu o Pravyi Sektor, grupo paramilitar, notadamente neonazista, que depois se tornou partido político. O grupo atuou diretamente para a derrubada do governo Yanukovych. A vitória dos manifestantes ultranacionalistas garantiu a incorporação de neonazistas nas forças armadas ucranianas.
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Pravyi Sektor e os bolsonaristas
A bandeira usada pelo Pravyi Sektor leva o brasão de armas da Ucrânia, símbolo adotado por movimentos neonazistas, com o fundo em vermelho e preto. Eles dizem seguir a "tradição" do Exército Insurgente Ucraniano, que lutou na Segunda Guerra Mundial em cooperação com os nazistas e contra a União Soviética.
A Organização dos Nacionalistas Ucranianos, da qual derivou o grupo, introduziu elementos de fascismo, expansionismo e darwinismo social em sua ideologia.
Essa bandeira do Pravyi Sektor foi empunhada, em mais de uma vez, por apoiadores de Jair Bolsonaro em manifestações no Brasil em 2020, principalmente na avenida Paulista, em São Paulo.
Defendendo o "fim do comunismo", bolsonaristas ostentaram símbolos dos neonazistas ucranianos e compunham um grupo chamado "Ucraniza Brasil", que, com a referência da ultradireita ucraniana, queria implantar mais pautas radicais no governo Bolsonaro, pregando uma ruptura institucional.
Bolsonaristas "famosos" são apoiadores desse movimento, como é o caso da "ativista aposentada" Sara Giromini, conhecida como "Sara Winter". Em 2020, ela liderou protestos do grupelho "300 do Brasil" que fazia ameaças ao Supremo Tribunal Federal (STF). Sara falava em "ucranizar o Brasil", dizia que foi treinada militarmente no país. Ela chegou a ser presa em junho daquele ano no âmbito do inquérito dos atos antidemocráticos.
Outro "expoente" do movimento com referências neonazistas é o deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ), que também foi preso por ameaças ao STF. "Está na hora de ucranizar o Brasil! Quem sabe o que foi feito por lá, entenderá", disse em 2020 o parlamentar que, até os dias atuais, é constantemente defendido pelo presidente Jair Bolsonaro.