ENTERRO EM 5 DE JANEIRO

Pela primeira vez, um papa enterrará outro papa: como será o funeral de Bento XVI

Pela primeira vez na história da Igreja Católica, um papa enterrará outro. O papa Francisco presidirá o velório e enterro do papa emérito Bento XVI

Bento XVI; no detalhe a última foto.Créditos: Francesco Nigro/Pixabay e Fundação Bento XVI
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Nesta segunda-feira (2) começará, no Vaticano, o velório do papa emérito Bento XVI, que morreu aos 95 anos neste sábado. Será a primeira vez na história da Igreja Católica que um papa presidirá o enterro de outro. O papa Francisco dará início ao velório público na segunda e comandará o enterro no dia 5, quinta-feira.

Os detalhes da cerimônia inédita ainda não foram divulgados. Tudo já está rigorosamente planejado, mas a cúpula do Vaticano evitou o tema nos últimos anos e está divulgando informações a conta-gotas.

O ritual após a morte de um papa costuma envolver a convocação de um conclave, reunião de cardeais para escolher o novo líder da Igreja Católica, o que, obviamente, não irá acontecer nesse caso.

Joseph Ratzinger, Bento XVI, foi o primeiro para a renunciar em 600 anos. Antes deles,  Gregório XII renunciou em 1415. 

Funeral de papa emérito

A indicação da maioria dos observadores da Igreja Católica é de que os rituais fúnebres de Bento XVI serão semelhantes aos de um bispo aposentado de Roma. Mas, neste caso, a cerimônia será presidida por Francisco e não pelo reitor do Colégio dos Cardeais.

“O funeral de um papa emérito é o funeral do bispo emérito de Roma”, disse o historiador da igreja Alberto Melloni, acrescentando que a situação não é totalmente sem precedentes, já que dioceses de todo o mundo já decidiram como homenagear adequadamente os bispos aposentados.

Uma coisa que distinguirá o funeral de Bento XVI ao de um papa reinante são os nove dias de ritos fúnebres antes do enterro, chamados de “novemdiales”. No caso de Bento, serão apenas 4 dias, entre a segunda e a quinta-feiras.

As regras para funerais papais são estabelecidas em um guia de 400 páginas chamado "Ritos Funerais do Pontífice de Roma". 

O corpo de um papa é colocado dentro de três caixões. O primeiro, interno, é feito de madeira de cipreste e fechado com fitas vermelhas. O intermediário é de zinco, adornado com uma cruz, o nome do Papa, os anos de seu Papado e seu brasão. O caixão externo é feito de elmo ou nogueira e fechado com pregos de ouro. 

Antes da missa funeral, o corpo é posto no caixão de cipreste, abençoado com água benta, e o rosto do pontífice é coberto com um véu branco. O caixão permanece fechado durante a missa e, depois, é levado para a cripta onde é selado e sepultado, com um pequeno grupo de funcionários do Vaticano presentes.

O último funeral papal ocorreu em 2005, quando morreu João Paulo II, cujo Papado havia começado em 1978. Seu corpo foi velado antes de uma missa de três horas na Praça de São Pedro, presidida pelo então cardeal Ratzinger. Acompanhada por uma multidão estimada de 1 milhão de pessoas, foi na época o funeral com maior participação da História.

Quando Bento XVI anunciou sua aposentadoria, em 2013, abriu uma década de território pontifício desconhecido. Desde seu título, “papa emérito”, até sua decisão de manter a batina branca do papado, Bento XVI criou em grande parte um novo manual para abranger tanto um papa reinante quanto um papa aposentado.

Christopher Bellitto, professor de história da Kean University, em Nova Jersey, no Estados Unidos, disse que a novidade da decisão de Bento XVI provavelmente será transportada para o período póstumo. “As manchetes dirão ‘Um papa está enterrando outro’. Não é verdade”, disse Bellitto. “Para ser claro: Bento é ex-papa.”

Veja a seguir última foto do papa emérito em vida. Foi veiculada em 9 de novembro na página da Fundação Vaticana Joseph Ratzinger - Bento XVI. Na imagem, Ratzinger está acompanhado de duas freiras e do cardeal alemão Gerhard Müller, prefeito emérito da Congregação para a Doutrina da Fé. No texto da postagem, está escrito: “O Papa Emérito Bento XVI, nos últimos dias, durante um passeio vespertino nos Jardins do Vaticano”.

 

Com informações do Vatican News, ACI Digital, Estadão e O Globo