Técnico da seleção brasileira de futebol, que estreia nesta quinta-feira (24) na Copa do Catar contra a Sérvia, Adenor Leonardo Bachi, o Tite, se emocionou ao dar um depoimento sobre a carreira, contando quando ficou desempregado por nove meses, e do apoio que teve da família para chegar em um dos postos mais altos de comando do esporte no Brasil.
"Minha família tem sido fundamental nesta jornada. Eles sempre participaram decisivamente das minhas escolhas", disse Tite, após ressaltar que "eu sou resultado de tudo que vivi" e que espera "que as pessoas sigam seu coração".
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Em seguida, Tite fala do apoio da esposa, Rosmari Rizzi Bachi, para mudar seu comportamento - "teve uma época na minha carreira que eu me concentrava em estar com os atletas e não me dava o direito de conversar muito com os dirigentes" - e lembra emocionado do conselho da filha, Gabriele, quando estava desempregado.
"Teve uma vez que eu passei nove meses desempregado. Não estava chegando nada e depois veio uma proposta de um time que estava brigando para não cair, depois a segunda, a terceira. Na quarta, eu disse: “eu vou”. Aí minha filha chegou e disse para que eu não fizesse aquilo. “Você construiu toda uma carreira para não ter de pegar trabalho no meio. Sei que sua autoestima está baixa, mas espere. Se tiver de esperar a virada do ano, espere. Você não diz que é treinador, que constrói equipes?”. Eu sempre tive esse núcleo familiar muito forte. Tenho certeza, só cheguei aqui graças a eles", conta Tite, que também falou que o conselho do filho, Matheus, foi fundamental para aceitar a proposta como treinador do Internacional, mesmo diante de ameaças sofridas.
“Você vai e todos nós estaremos com a camisa do Internacional na tua primeira partida”, teria dito o filho.
"Eu não gosto de contar essas histórias do meu começo para sensibilizar, para me colocar como herói. Eu quero criar conexões. Mostrar que também sou fruto do meio, das pessoas que me ajudaram, das pessoas que eu ajudei. Talvez esse seja o maior mérito da minha caminhada, mostrar que trabalho em equipe também pode ter sucesso", emendou.
Tite ainda falou de "princípios" em seu trabalho - "ninguém pede licença para vencer no futebol. Mas é possível ter princípios" - e que acredita no esporte como ferramenta de educação.
"Acredito que o esporte pode melhorar muito mais o mundo, como elemento educador. Eu fico sempre dando o exemplo de um lance que aconteceu na Copa do Mundo, que eu gostaria que fosse explorado. Mas ele nunca é tanto quanto eu gostaria. Contra o México, estávamos vencendo por 1 a 0 e tivemos um lateral. Eu tinha visto que havia sido para o México porque tinha batido na perna do nosso jogador. Eu então comecei a gritar “É para o México, é para o México”. Um jogador nosso, que foi cobrar o lateral e sabia que a bola tinha batido no nosso time, veio falar comigo, “mas professor, como você fica falando isso, o jogo está uma fumaça do caramba”. Eu respondi “Eu quero ganhar jogando futebol”, contou o técnico da selação, que inicia nesta quinta a busca pelo hexa.
Depoimento a Bruno Marinho, Diogo Dantas e Renan Damasceno, no jornal O Globo