Os tentáculos do Primeiro Comando da Capital (PCC) se espalham por vários setores da sociedade. Não é novidade para ninguém. Agora, uma investigação em andamento, conduzida pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP), apura se a facção criminosa se infiltrou, também, no futebol.
A suspeita é que o grupo teria financiado a contratação de jogadores para o Corinthians. O possível esquema teria como figura-central Rafael Maeda Pires, conhecido como “Japa”, integrante do PCC.
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A investigação é sigilosa e tem à frente o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Os agentes procuram determinar se as contratações dos jogadores foram financiadas de forma regular ou com recursos do tráfico de drogas operado pela facção.
A apuração do MP-SP tem o potencial de revelar até onde o crime organizado se infiltra no futebol brasileiro. Em caso de confirmação das suspeitas de que o PCC usou o esporte como forma para lavar dinheiro e expandir influência, o caso poderá ter repercussões significativas no futebol.
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Uma delação, realizada em março de 2023, revelou que “Japa” teria intermediado a contratação de inúmeros jogadores, incluindo Du Queiroz e Igor Formiga, que atuaram pelo Corinthians.
As negociações ocorreram em 2021 e foram documentadas em mensagens de WhatsApp, que já estão em poder do MP-SP.
As mensagens, encaminhadas por parceiros de “Japa”, mostram discussões sobre as contratações, contratos e comprovantes de transações bancárias. O fato indica proximidade suspeita entre “Japa” e dirigentes do clube.
A relação levanta a possibilidade de que o integrante de uma das facções criminosas mais poderosas do país tinha influência significativa dentro do Corinthians, o que facilitaria o trânsito de dinheiro possivelmente ilícito.
Um dos principais operadores do PCC, “Japa” tinha 31 anos quando foi encontrado morto, em maio de 2023, em um estacionamento de São Paulo.
As apurações indicam que ele estava envolvido diretamente no agenciamento de jogadores para clubes de futebol de São Paulo, especialmente o Corinthians.
Mistério
“Japa” morreu com dois tiros na cabeça dentro de um veículo blindado no Tatuapé, zona leste da capital paulista. O local onde o corpo foi achado é famoso por ser palco de brigas entre facções criminosas ligadas ao tráfico de drogas.
A Polícia Civil, inicialmente, investigou a hipótese de que “Japa” teria sido forçado a cometer suicídio sob pressão do “tribunal do crime” do PCC, estratégia para evitar execução por integrantes da própria facção.
Entretanto, novas frentes na apuração, conduzidas pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), apontam que o criminoso deve ter sido vítima de homicídio.
Essa possibilidade vem ganhando força, principalmente depois da operação realizada na sexta-feira (16), que cumpriu mandados de busca e apreensão em 13 endereços ligados ao caso.
Foram encontrados armamentos, como pistolas e um fuzil, além de barras de ouro e celulares. O material pode fornecer outras e novas evidências a respeito dos minutos que antecederam a morte de “Japa”.