VERGONHA INSTITUCIONAL

Vice de Milei exalta e defende música racista cantada pela seleção da Argentina

Victoria Villarruel, que visitou várias vezes na cadeia o genocida Jorge Rafael Videla, mais monstruoso ditador da América Latina, celebrou cântico que ofende negros, transexuais e asiáticos

Créditos: Reprodução/Redes sociais
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Victoria Villarruel, a vice-presidente da Argentina, deu uma declaração ainda pior que a de Javier Milei sobre a canção racista, xenofóbica e transfóbica entoada pela seleção de futebol de seu país ao final da Copa América 2024, após os ‘hermanos’ sagrarem-se campeões do torneio ao vencerem a Colômbia, no último domingo (14).

“A Argentina é um país soberano e livre. Nunca tivemos colônias ou cidadãos de segunda classe. Nunca impusemos nosso modo de vida a ninguém. Mas também não vamos tolerar que façam isso conosco... Nenhum país colonialista nos vai intimidar por uma canção de torcida ou por dizermos verdades que não querem admitir. Parem de fingir indignação, hipócritas. Enzo [Fernández], eu te banco, Messi, obrigado por tudo! Argentinos sempre de cabeça erguida! Viva a Argentina!”, escreveu a vice-chefe de Estado de extrema direita em seus perfis oficiais nas redes sociais.

No país que foi palco da mais brutal ditadura da América Latina no século XX, com campos de concentração e execução funcionando bem em meio às cidades, nos quais dezenas de milhares de pessoas foram torturadas e assassinadas, Villarruel é uma figura vista como uma das mais ultrarreacionárias da nação vizinha na atualidade. Ele, anos atrás, visitou o monstruoso genocida ditador Jorge Rafael Videla na cadeia por várias vezes, se solidarizando com um dos mais notórios monstros da história mundial.

Milei já havia demitido subsecretário de esportes

O presidente argentino, Javier Milei, demitiu o subsecretário nacional de Esportes do país, Julio Garro, na quarta-feira (17), após o funcionário cobrar desculpas de atletas da seleção, sobretudo de Lionel Messi, pelo cântico racista, xenofóbico e transfóbico entoado pelos jogados após se sagrarem campeões da Copa América, no domingo (14).

“O capitão da seleção nacional deve pedir desculpas. O mesmo que o Presidente da AFA. Isso nos deixa, como país, em uma situação ruim depois de tantas glórias”, afirmou o subsecretário de esportes.

O comunicado de Estado emitido para informar a demissão de Garro tem um teor surreal e inacreditável em defesa da atitude dantesca dos integrantes do time.

“A Presidência informa que nenhum governo pode dizer o que comentar, o que pensar ou o que fazer à seleção argentina, Campeã Mundial e Bicampeã Americana, ou a qualquer outro cidadão. Por isso, Julio Garro deixa de ser Subsecretário de Esportes da Nação”, diz o texto do gabinete de Milei.

Canto vergonhoso repercutiu até na Fifa

Após vencerem a Colômbia, numa partida realizada na Flórida, nos EUA, país sede da competição, os jogadores argentinos promoveram uma manifestação vergonhosa de racismo e de ataque a outros povos, bem como de insulto a transexuais.

“Eles jogam pela França, mas são de Angola. Que bom que eles vão correr, se relacionam com transexuais. A mãe deles é nigeriana, o pai deles cambojano, mas no passaporte francês”, diz a grotesca letra que era cantada aos berros pelos boleiros.

A Fifa se manifestou sobre o caso, condenando a atitude da seleção da Argentina e confirmando que abriu uma investigação para apurar o ocorrido. O time do Chelsea, da Inglaterra, também anunciou um processo para analisar a conduta do jogador Enzo Fernández.

“A Fifa condena com veemência qualquer forma de discriminação, por parte de qualquer pessoa, incluindo jogadores, torcedores e dirigentes”, diz a nota da entidade máxima do futebol.