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FGTS: craques do futebol tiveram recursos milionários do benefício desviados

Quadrilha desviou milhões de jogadores como Ramires, João Rojas, Maikon Leite, Elano, Christian Cueva e Guerreiro; entenda o golpe aqui

FGTS.Créditos: Divulgação/Caixa
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Uma quadrilha desviava, desde 2014, o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) de inúmeros craques que atuam no futebol brasileiro, entre eles Ramires, João Rojas, Maikon Leite, Elano, Christian Cueva.

O peruano Paolo Guerrero, por exemplo, ex-jogador de clubes como Corinthians, Flamengo e Internacional, teve 2,3 milhões de reais transferidos do FGTS da caixa para uma conta aberta ilegalmente no nome dele em um banco privado.

A conta foi aberta em 5 de maio de 2022 em uma agência no bairro Bom Retiro, em São Paulo, mesmo dia em que o peruano estava nos Estados Unidos em tratamento para uma lesão no joelho.

O jogador escreveu uma carta ao banco privado assim que soube do desvio. No documento, ao qual o programa Fantástico, da TV Globo teve acesso, o jogador diz não reconhecer a conta ou as transferências, e pedindo o estorno dos valores, o que só aconteceu seis meses depois.

A investigação da Polícia Federal (PF) descobriu que estão envolvidos no esquema empresários do ramo, bancários, advogados e até ex-jogadores.

Como é o golpe

Segundo as investigações, a quadrilha procura atletas recém-desligados dos clubes. Com assinaturas e documentos falsos, os criminosos acessam o fundo da Caixa Econômica e abrem a conta em outros bancos.

A seguir, o dinheiro é desviado para contas de laranjas.

De acordo com o delegado da PF, Dr. Caio Porto Ferreira, "de alguma forma conseguiam acessar esses documentos verdadeiros dos jogadores para, a partir então, poderem falsificar esses documentos e abrirem contas correntes para poderem receber esses recursos desviados irregularmente do FGTS".

O dinheiro do FGTS de Cueva, por exemplo, foi para cinco pessoas:

  • Gustavo Gonçalves de Barros, que recebeu R$ 402.700. Ele é proprietário de uma empresa chamada F.G.L Marketing & Sport.
  • Outro sócio da F.G.L que teria atuado no golpe é Fernando Costa de Almeida. Empresário do ramo do futebol, ele contratou um escritório para averiguar a situação previdenciária de atletas profissionais e cuidar das transferências. Ele mandou, através de um aplicativo de mensagem, uma procuração supostamente assinada por Guerrero à empresa.
  • José Orlando de Almeida, pai de um terceiro sócio da empresa, também é investigado, além de parentes de pessoas que receberam valores do FGTS do jogador peruano.
  • Sérgio Rogério Melo da Costa, que foi notícia em 2021 ao ser preso por estuprar garotas de programa, também é investigado no esquema. O rosto utilizado em 2022 no processo de reconhecimento facial do jogador Guerrero para a abertura da conta falsa é dele. O cadastramento de Guerreiro foi feito a partir de um dispositivo móvel que estava cadastrado na conta do jogador e as fotos não foram comparadas com as da biometria oficial do jogador.
  • Ainda são investigadas as participações de uma funcionária do banco e de Marcelo Silva, ex-jogador do Santos, que seria facilitador dos desvios.

Uma nova onda de golpes descoberta tem como alvo apenas jogadores estrangeiros. "Provavelmente por eles se mudarem para outro país e não terem conhecimento do benefício do FGTS", explicou Porto Ferreira.

O que dizem os acusados

Gustavo Gonçalves de Barros afirmou através de sua defesa que ele desconhecia a origem do dinheiro depositado em sua conta e que buscou as vítimas para restituir os valores. José Orlando disse que não tem nenhuma participação nos delitos, e que está colaborando com as investigações. Fernando Costa de Almeida também disse ter recebido com surpresa a notícia do envolvimento no caso.

A Caixa afirmou através de nota trabalhar junto à Polícia Federal em uma força-tarefa para apurar os casos, que estão sob sigilo.