O treinador José Neto ignorou o justo posicionamento das jogadoras da seleção brasileira feminina de basquete, apoiou o preparador físico Diego Falcão, demitido da comissão técnica, e entregou seu cargo, nesta quinta-feira (27), à Confederação Brasileira de Basquete.
Falcão tinha sido demitido depois que as jogadoras manifestarem indignação com o fato de o preparador ter apoiado o PL do Estupro, que tramita na Câmara dos Deputados.
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José Neto publicou uma nota nas redes sociais, em que defendeu o colega e mencionou “princípios e valores da minha fé” para justificar sua atitude.
“Diante dos últimos acontecimentos envolvendo o preparador físico da seleção brasileira feminina de basquetebol Diego Falcão, profissional com quem trabalho há 17 anos e sempre escolhi para estar comigo nos últimos clubes e seleções em que fui o treinador; também seguindo os princípios e valores da minha fé, da qual devo tudo o que sou e tenho, quero comunicar que hoje deixo meu cargo de treinador da seleção brasileira feminina de basquete”, afirmou o treinador.
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“Serei eternamente grato à minha comissão técnica, mais especificamente aos meus assistentes diretos João Camargo e Virgil Lopez e, logicamente, ao preparador físico Diego Falcão, assim como a todas as pessoas que fizeram parte deste grupo de trabalho em seus mais diversos setores. Também, todo o sentimento de gratidão a cada atleta que fez parte desta nossa jornada e que não mediu esforços para elevar ainda mais o nível do basquete feminino brasileiro”, acrescentou.
À frente da comissão técnica da seleção brasileira feminina de basquete, José Neto foi bicampeão dos Jogos Pan-Americanos, campeão Sul-Americano e campeão da AmericupW.
A Confederação Brasileira de Basquete, via nota, disse: “A Basquete Brasil agradece ao técnico pelo seu trabalho nesses anos e deseja boa sorte na sequência da sua carreira profissional”.
Relembre o caso
A decisão de demitir Diego Falcão recebeu apoio das próprias atletas, que pediram pela saída do preparador após ele fazer postagens favoráveis ao PL do Estupro. A Confederação Brasileira de Basquete (CBB) anunciou a saída do profissional no sábado (22).
“Inacreditável que um profissional, que trabalha com o feminino, demonstre esse tipo de posicionamento nas redes sociais. O estupro é um crime grave. Que as mulheres tenham o direito de decidir e expressar sua opinião sobre isso. É essencial que nossa confederação se posicione de forma clara e adequada a esse assunto tão sério”, afirmou Damiris, atleta da WNBA.
“Uma coisa que fica muito difícil de engolir é que o post não estava falando sobre vida, mas sobre morte psicológica através de uma violência, que é o estupro. Morte psicológica pensando nas que sobrevivem, porque muitas morrem. É triste porque é difícil entender que tem pessoas desse tipo trabalhando com o basquete feminino”, declarou Clarissa.
Ex-nadador olímpico bolsonarista expõe jogadoras
Não satisfeito com a demissão de Falcão, o deputado federal bolsonarista Luiz Lima (PL-RJ), ex-nadador olímpico, publicou, nas redes sociais, que a postura da CBB foi “vergonhosa” e que protocolou junto à Comissão de Esporte da Câmara dos Deputados um convite ao presidente da CBB, Guy Peixoto Jr., para esclarecimentos.
Além disso, publicou o perfil das jogadoras, o que fez com que elas passassem a ser atacadas violentamente, nas redes, com mensagens de ódio.