A defesa do jogador Daniel Alves, que começou a ser julgado nesta segunda-feira (5) no processo em que é acusado de estuprar uma jovem em dezembro de 2022 na Espanha, fez um pedido inusitado logo no início da audiência no palácio da justiça de Barcelona, onde o brasileiro está preso desde 20 de janeiro de 2023.
Advogada de Alves, Inés Guardiola defendeu que o julgamento fosse suspenso alegando uma suposta intervenção de um perito no exame psicológico da vítima. O pedido foi negado.
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O pedido faz parte da estratégia de defesa do jogador, de desacreditar o laudo psicológico que aponta que a jovem foi diagnosticada com Transtorno de Estresse Pós-traumático (TEPT) após a suposta violência sexual.
O TEPT se trata de um transtorno de ansiedade que assombra pessoas que passaram por eventos de caráter estressante e traumático, como assaltos, sequestros, presenciar uma guerra, dentre outras situações atípicas que possuem potencial de desregular o funcionamento psicológico de uma pessoa.
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Dentre os 4 tipos de TEPT, aquele em que a vítima de Daniel Alves se enquadra é o mais grave, uma vez que pode apresentar os sintomas de todos os tipos anteriores e, normalmente, dura mais tempo do que estes (mais de 6 meses).
A jovem foi a primeira a ser ouvida no julgamento.O sinal do circuito interno de televisão foi cortado e a mídia não consegue ver ou ouvir mais nada. Essa medida foi tomada para garantir a sua privacidade. Além disso, ela presta depoimento atrás de um biombo para evitar contato visual com Daniel Alves.
Além do pedido de suspensão, Inés Guardiola pediu para que o jogador seja o último a ser ouvido no julgamento. A pena máxima, sem agravantes, para um estupro na Espanha é de 12 anos, que foi pedido pela acusação.
O julgamento
A previsão é que a audiência termine na quarta (7). No primeiro dia serão colhidos os depoimentos da mulher que acusa o brasileiro, uma amiga e uma prima dela, que estavam juntas na noite de 30 de dezembro de 2022, quando ocorreram os fatos.
Além das três mulheres, serão ouvidos dois garçons da boate Sutton e o porteiro da casa noturna, responsável por acionar o protocolo de defesa a vítimas de agressão sexual.
Já na terça-feira (6), os três juízes da Corte ouvirão os depoimentos de mais 22 testemunhas. O principal nome é a modelo Joana Sanz, esposa de Daniel Alves na época da acusação. A lista conta, também, com quatro amigos do jogador, incluindo o chef Bruno Brasil, que estava com ele.
A mãe da denunciante, o diretor da boate, dois seguranças, um amigo da prima da denunciante, com quem ela entrou em contato naquela noite, e 12 policiais que participaram do caso também serão ouvidos.
Em função do grande número de testemunhas, os juízes e advogados esperam que o julgamento se estenda até a noite, na terça.
A quarta-feira (7), último dia, será para a exposição de diferentes laudos periciais. Serão ouvidos médicos forenses, legistas, integrantes da polícia científica e biológica, além de especialistas em impressões digitais. Psiquiatras e psicólogos que tiveram contato com a denunciante também foram convocados, de acordo com o UOL.
Acordo frustrado
Segundo a Telecinco, TV espanhola, a defesa de Daniel Alves tentava fechar um acordo para evitar a ida ao julgamento, e aparentemente a coisa estava se encaminhando positivamente para o atleta. Mas a divulgação de imagens da vítima, pela mãe do jogador, em dezembro passado, enterrou as chances dos advogados.
O lateral direito está preso desde janeiro de 2023 acusado de estupro contra uma jovem de 23 anos no banheiro de boate em Barcelona, na Espanha. A expectativa é de que seja condenado, dado o histórico do caso publicado na imprensa internacional.
A pena solicitada pela acusação, 12 anos de prisão, é maior do que a proposta pelo Ministério Público da Espanha, que havia pedido 9 anos de reclusão para Daniel Alves.