Na última terça-feira (27), o ministro do Interior da Itália, Matteo Piantedosi, anunciou uma série de ações que o governo fará em parceria com a Federação Italiana de Futebol (FIGC) em busca de combater o antissemitismo, o neonazismo e os discursos de ódio no país. Entre as medidas, está a proibição do número 88 nas camisetas dos clubes profissionais do país.
A medida é muito comemorada pelos setores antifascistas ao redor do mundo, mas ainda desperta dúvidas naqueles que não conhecem a referência. Fazendo uma alusão à expressão "Heil Hitler" (utilizada como saudação durante a ditadura de Adolf Hitler na Alemanha), pelo fato de que a letra "H" é a oitava do alfabeto, o número 88 é usado por grupos neonazistas em todo o mundo.
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São esses mesmos grupos, que há décadas estão infiltrados no futebol e vêm espalhando discursos e práticas de ódio, como os episódios de racismo registrados na Espanha contra o atleta brasileiro Vini Jr. Em terras espanholas, por exemplo, bandeiras com referências nazistas só foram proibidas a partir de 2007.
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Na Itália, foram registrados nas últimas temporadas uma série de episódios semelhantes contra jogadores negros, judeus ou membros de outras etnias condenadas pelos ideólogos nazistas de ontem e de hoje. Além do uso do termo "judeu" como um xingamento, os estádios italianos ainda exibem a triste e revoltante imagem de suásticas e outros símbolos nazistas tremulando em suas bandeiras.
No último mês de março, um torcedor da Lazio foi flagrado no clássico contra a Roma trajando uma camiseta do clube com o número 88 e com o nome "Hitlerson" estampado, que em tradução livre significa "filho de Hitler". Dias depois, o clube anunciou o banimento deste torcedor e de outras duas pessoas que fizeram saudações nazistas na ocasião.
A torcida da Lazio é conhecida mundialmente por abrigar elementos neonazistas. O problema é que a torcida da Roma também é. E há outras torcidas com as mesmas características no país.
Além da proibição do número 88 nas camisetas dos jogadores e de outros símbolos nazistas, a medida anunciada pelo governo e pela federação também prevê a interrupção das partidas em caso de cânticos ou manifestações neonazistas, racistas e antissemitas.