Com o auxílio decisivo da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul (CCDH-RS), por meio de sua presidenta, a deputada estadual Laura Sito (PT-RS), o pesadelo de um jovem chegou ao fim.
O jogador de futebol Moisés Brisolla, de 20 anos, conseguiu retornar ao Brasil, depois de passar 8 meses trabalhando em condições análogas à escravidão em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
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Para realizar seu sonho, Moisés foi para Dubai em julho de 2022 para jogar no Al-Rams Club. Porém, foi dispensado um mês depois, sob alegação que sentia cãibras. Seu empresário o aconselhou a permanecer na casa de um outro empresário brasileiro e trabalhar em sua fábrica de cosméticos.
O rapaz ficou 8 meses trabalhando em condições análogas à escravidão, conforme detalha documento encaminhado pela CCDH-RS ao Itamaraty, em março de 2023, ao qual o UOL teve acesso.
Entre muitas irregularidades, o jogador trabalhava mais de 15h por dia, não recebia salários, não tinha contrato e teve o celular confiscado.
Raramente, o jovem conseguia entrar em contato com um familiar a quem pediu ajuda e que denunciou o caso à comissão.
O resgate de Moisés foi realizado pela CCDH do Rio Grande do Sul, em parceria com o Itamaraty.
Enfim, Moisés desembarcou, nesta terça-feira (30), no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre. Ele já prestou depoimento às autoridades.
O nome da empresa onde o jovem trabalhou irregularmente não será divulgado por solicitação da CCDH.
“É mais um caso que mostra a estrutura racista no futebol e que, a cada dia, vem nos mostrando que isso já não cabe mais no Brasil, nem no restante do mundo. Estamos virando apenas mais uma página de um imenso capítulo sobre o tráfico para trabalho escravo que nunca deixou de existir”, afirmou Laura Sito.
Vaquinha para retornar
A deputada Laura Sito foi procurada pela família de Moisés para auxiliar no resgate do jogador e no pagamento de multa migratória no valor de R$ 10 mil.
A parlamentar relatou que a Portaria MRE nº402, de 22 de julho de 2022, assinada por Jair Bolsonaro (PL), impede o Ministério das Relações Exteriores de pagar, com recursos públicos, a multa migratória.
Por isso, a CCDH organizou uma vaquinha para bancar as despesas. As passagens foram emitidas pelo Ministério de Relações Exteriores, que já denunciou os envolvidos no caso de Moisés à Polícia Federal (PF).