O resultado de discursos misóginos e machistas ao longo da campanha de Pablo Marçal (PRTB) deram resultado. A rejeição dele entre mulheres explodiu e chegou a 59%. A repulsa feminina ao candidato da extrema direita era de 32% em agosto.
Os dados são da pesquisa Datafolha divulgada neste sábado (5).
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Essa altíssima rejeição pelas paulistanas não é à toa. Ao longo da campanha ele colecionou uma vasta coleção de ataque às mulheres.
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Em 19 de agosto, após a realização do debate entre os candidatos à prefeitura de São Paulo, promovido pela revista Veja, Marçal fez uma série de ataques machistas contra Tabata Amaral (PSB) e afirmou que a candidata não pode ser prefeita da capital paulista por "não ter marido".
Marçal também comentou que Tabata, por ser solteira, "só estuda demais", sugerindo que isso a impediria de exercer uma função executiva adequadamente.
Além disso, ele foi amplamente criticado por uma fala extremamente ofensiva sobre o pai de Tabata, insinuando que sua morte teria relação com o fato de ela ter ido estudar em Harvard.
Essas declarações aumentaram as tensões entre os candidatos, com Tabata respondendo duramente, classificando as falas de Marçal como "nojentas" e uma "falta de caráter absurda".
Outra fala misógina de Marçal foi a de que "mulher não vota em mulher porque é inteligente", feito durante debate da Folha/UOL no dia 1º de outubro. Ele insinuou que as mulheres não apoiariam a candidatura de Tabata devido à sua suposta "falta de sabedoria", um ataque à capacidade feminina de liderança.
Tabata rebateu que Marçal "não consegue disfarçar o ódio que tem por mulheres" e acusou o candidato de estar desesperado com sua crescente rejeição entre o eleitorado feminino, que nesta véspera de eleição chega a 59%.
Tamanho do crânio das mulheres
Durante o debate realizado pela TV Globo na última quinta-feira (3), o candidato Guilherme Boulos (PSOL) explorou uma série de falas misóginas de Marçal.
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Uma das falas levadas ao debate por Boulos foi quando Marçal afirma que as mulheres possuem um "crânio menor que o dos homens", ideia que estrutura o pensamento misógino.
"Ficou muito claro nessa eleição o seu desprezo pelas mulheres. A maneira como você trata as mulheres, o que você já falou das mulheres, o seu desrespeito pelas mulheres [...] eu vi outro dia um vídeo seu dizendo que as mulheres teriam um crânio menor que o dos homens e que teria que quebrar pra ficar igual, uma coisa horrorosa, assustadora", disparou Boulos.
No referido vídeo, Marçal diz o seguinte: "Segundo a biologia, a mulher tem um crânio menor que o do homem, então tem que rachar o seu crânio e colocar um extensor nele pra ele ficar igual."
Mentira sobre droga vira tsunami
Para além do machismo e da misoginia, a campanha de Marçal foi marcada também por mentiras absurdas. A mais recente deflagrou um tsunami às vésperas das eleições deste domingo (6).
Guilherme Boulos anunciou, na madrugada deste sábado (5), que pedirá à Justiça a prisão de Pablo Marçal por conta do laudo forjado que o ex-coach publicou no Instagram para o associar ao uso de cocaína. A publicação já foi removida pela rede social.
O laudo, toscamente falsificado, afirmava que Boulos teria sido internado em 2021 após um surto psicótico causado pelo uso de drogas.
No entanto, o documento apresenta vários erros que comprovam sua falsidade: o nome do médico que supostamente o assina é de um profissional já falecido, o RG de Boulos está incorreto, e o papel timbrado pertence a uma clínica cujo dono é apoiador de Marçal, já condenado por falsificação de diploma de medicina.
Além disso, na data indicada no laudo, Boulos estava na favela do Vietnam, em São Paulo, distribuindo cestas básicas — fato comprovado por vídeos, fotos e publicações em redes sociais.
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A última jogada de Marçal saiu pela culatra e uniu seus rivais e grande parte da mídia contra ele, cujo episódio absurdo e seus desdobramentos dominam os noticiários desta véspera de eleição.
As filhas do médico hemotologista José Roberto de Souza, que morreu de Covid em 2022 e foi usado por Marçal no laudo fajuto para acusar Boulos de uso de cocaína, vão processar o ex-coach.
A Justiça Eleitoral suspendeu novamente os perfis dele nas redes sociais. Mas Marçal afrontou de maneira direta o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP), que determinou a suspensão de seu perfil no Instagram, e criou uma nova conta na tarde deste sábado (5) para engajar seus eleitores. A decisão judicial proíbe o postulante de ter um novo perfil após a punição.
A Polícia Federal instaurou inquérito sobre o caso do laudo falso apresentado por Marçal.
Em outra frente, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), intimou Marçal a prestar depoimento no prazo de até 24 horas por ter usado a rede social X, que está bloqueada no Brasil.
Na véspera do primeiro turno, a rejeição de Marçal se manteve no pico de 53%, segundo a pesquisa Datafolha deste sábado. A marca é a mesma da pesquisa anterior, de quinta-feira (3). Os dados também mostram rejeição de 61% entre quem cursou ensino superior contra Marçal.
Rejeição de outros candidatos
O Datafolha entrevistou 2.052 eleitores paulistanos nesta sexta-feira (4) e sábado. Encomendado pela Folha e pela TV Globo, o levantamento está registrado na Justiça Eleitoral sob o código SP-05101/2024. O nível de confiança é de 95%.
Guilherme Boulos (PSOL) manteve o índice anterior —38% declaram que não votariam nele de jeito nenhum.
Terceiro candidato empatado tecnicamente no primeiro pelotão, Ricardo Nunes (MDB) tem a menor rejeição entre os principais adversários: 25%. No caso do prefeito, houve uma oscilação para cima, dentro da margem de erro, que é de dois pontos para mais ou para menos.
José Luiz Datena (PSDB) é rejeitado por 39% (igual à marca da pesquisa de quinta), enquanto a rejeição de Tabata Amaral (PSB) é de 15% (era 14%).
Com informações do Datafolha
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