Em uma estranha e desesperada declaração, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) apareceu ao lado do candidato à Prefeitura de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), no inicio da tarde deste domingo (27), afirmando que integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital) orientaram familiares e apoiadores a votarem em Guilherme Boulos (PSOL).
A declaração foi dada a jornalistas no colégio Miguel Cervantes, na zona sul, local onde Tarcísio vota.
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Trata-se de uma clara tentativa de intervenção do governador, em pleno exercício do seu cargo, de interferir no processo eleitoral. O caso lembra o segundo turno da campanha de 1989, quando colocaram a camiseta do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva em um dos sequestradores do empresário Abílio Diniz.
Tarcísio comentou sobre um comunicado emitido pela SAP (Secretaria de Administração Penitenciária) de São Paulo, que teria interceptado mensagens de membros do PCC orientando votos em algumas cidades do estado. Ele, então, respondeu:
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"A gente vem alertando isso há muito tempo. Nós fizemos um trabalho grande de inteligência, temos trocado informações com o Tribunal Regional Eleitoral para que providências sejam tomadas", disse.
Boulos reage
Boulos reagiu imediatamente à declaração: "Que vergonha, né? Nada mais a dizer, é o candidato que ele apoia [Ricardo Nunes] que botou o PCC na Prefeitura de SP". Candidato do PSOL se referiu às investigações sobre atuação da facção no sistema de ônibus.
Perguntado sobre qual era o candidato, ele respondeu: "Boulos".
Crime comum
Procurado pela Fórum, o advogado criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, reagiu espantado: “Foi hoje? Se for o Tarcísio é um Marçal um pouco mais educado. É tão grave quanto a afirmação mentirosa referente ao atestado falso. A Justiça eleitoral nada pode fazer, pois ele não é candidato, mas a criminal pode.”
Já o advogado Milton César Tomba da Rocha afirmou: "provado ser armação do Tarcísio, cabe ação de investigação judicial eleitoral para cassar o registro ou eventual diploma/mandato de Nunes e do vice e declarar os dois primeiros inelegíveis".
Maior fake news de toda a campanha
A presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, comentou em sua conta do X sobre o fato e o considerou “a maior fake news de toda a campanha”:
“Tarcísio deixou pra espalhar na manhã da eleição a maior fake news de toda a campanha. É um crime dos mais graves a divulgação, pelo governo de São Paulo, de bilhetes apócrifos, tentando associar a campanha de Boulos e Marta a uma facção criminosa. Deixou pra espalhar essa mentira só hoje pra tentar escapar da Justiça Eleitoral, armação rasteira e covarde, típica dos seguidores de Bolsonaro como Tarcísio e Nunes. Além de crime eleitoral, é um ataque e uma ofensa aos eleitores e eleitoras de Boulos e Marta.”