Enquanto a maioria dos países enfrenta quedas em seus PIBs devido às novas tarifas comerciais impostas pelo governo dos EUA, o Brasil e a Nova Zelândia surgem como exceções positivas.
De acordo com uma análise publicada pelo The Conversation, baseada em um modelo global de comércio do professor de Economia da Universidade de Auckland Niven Winchester, o país pode ser um dos maiores beneficiados pelo chamado "Dia da Libertação" de Donald Trump, que instituiu tarifas recíprocas sobre importações.
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Os dados revelam que, em um cenário com retaliações de outros países contra os EUA, o Brasil teria um aumento de 0,28% no PIB, equivalente a US$ 6,4 bilhões.
Esse desempenho coloca o país ao lado da Nova Zelândia (0,29%) como um dos poucos a saírem ganhando no conflito comercial. Em contraste, nações como México (-2,24%), Canadá (-1,65%) e até os próprios EUA (-1,45%) registrarão perdas significativas caso o cenário hipotético se confirme.
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Outros países que ganhariam no cenário de Winchester seriam o bloco da União Europeia (0,05%), Austrália (0,07%) e Coreia do Sul (0,21%)
Confira o cenário:
A análise, conduzida por economistas e baseada em um modelo de equilíbrio geral computável, atribui o resultado brasileiro aos baixos percentuais de tarifas aplicadas pelo país e pelos EUA em suas trocas bilaterais. Enquanto nações como China (54% de tarifa total) e Vietnã (46%) sofrem com medidas mais duras, o Brasil se beneficia de sua posição menos exposta a retaliações diretas.
O estudo também destaca que, globalmente, a guerra comercial reduzirá o PIB mundial em US$ 500 bilhões (-0,43%), reforçando a tese de que conflitos tarifários prejudicam a economia global. No entanto, o Brasil é uma das raras exceções nesse cenário.
Apesar do resultado positivo, os especialistas alertam que as tarifas americanas aumentam custos de produção e preços ao consumidor, o que pode ter efeitos indiretos mesmo nos países beneficiados. Para os EUA, a retaliação de parceiros comerciais como China e União Europeia tende a agravar os prejuízos, estimados em US$ 438,4 bilhões.
Em um cenário sem retaliações das economias, o Brasil sairia menos beneficiado, mas ainda assim sem grandes prejuízos, tendo uma variação positiva do PIB em 0,01%. Também se beneficiariam positivamente Índia (0,01%), Australia (0,06%) e Reino Unido (0,34%)
Curiosamente, neste modelo, os EUA seriam um dos países mais prejudicados ainda assim:
Enquanto Trump afirma que o "Dia da Libertação" será lembrado como o renascimento da indústria americana, os números sugerem que o maior legado pode ser a fragmentação do comércio global — com o Brasil em uma posição atípica de vantagem.
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