O Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês) confirmou nesta quarta-feira que iniciou uma investigação sobre denúncias feitas contra seu fundador, Klaus Schwab, que teriam motivado sua renúncia nesta semana.
Em um comunicado que confirma reportagem do Wall Street Journal, o WEF informou que seu conselho de curadores “apoiou unanimemente a decisão do Comitê de Auditoria e Risco de iniciar uma investigação independente após o recebimento de uma carta de denúncia contendo alegações contra o ex-presidente Klaus Schwab”.
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Schwab nega as acusações, acrescentou o jornal.
O WEF, que organiza a reunião anual de elites ricas, famosas e influentes na luxuosa estação de esqui de Davos, na Suíça, inicialmente não forneceu explicações para a súbita renúncia de seu presidente de longa data, anunciada na segunda-feira “com efeito imediato”.
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Em um primeiro comunicado, o conselho do WEF exaltou as “realizações extraordinárias” de Schwab ao longo de seus 55 anos no comando.
Mas o Wall Street Journal relatou que a decisão foi motivada por uma deliberação do conselho para investigar denúncias de má conduta financeira e ética por parte de Schwab e de sua esposa, Hilde.
Reunião de emergência
A carta, supostamente enviada por funcionários atuais e antigos do WEF de forma anônima, “inclui alegações de que Klaus Schwab pediu a funcionários juniores que sacassem milhares de dólares em caixas eletrônicos em seu nome e usou fundos do Fórum para pagar por massagens privadas nos quartos de hotéis”, escreveu o WSJ, que afirma ter tido acesso à carta e conversado com fontes próximas ao caso.
“A carta também alegava que sua esposa Hilde... agendava reuniões ‘de fachada’ pagas pelo Fórum como justificativa para viagens de férias de luxo com os custos cobertos pela organização”, disse o jornal.
A carta também teria levantado preocupações sobre o modo como Schwab tratava funcionárias, e como sua liderança prolongada teria permitido que casos de assédio sexual e comportamentos discriminatórios passassem impunes.
Schwab não foi encontrado de imediato para comentar, mas segundo o WSJ, ele negou veementemente todas as acusações e ameaçou processar caso o conselho levasse adiante a investigação.
Apesar disso, o conselho de curadores decidiu em uma reunião de emergência realizada no domingo abrir a investigação, e Schwab optou por renunciar imediatamente.
Em seu comunicado nesta quarta-feira, o WEF disse que a decisão “foi tomada após consulta com assessores jurídicos externos e em conformidade com as responsabilidades fiduciárias do Fórum”.
“Ao mesmo tempo em que o Fórum leva essas alegações a sério, ressalta que elas ainda não foram comprovadas e aguardará os resultados da investigação antes de se manifestar novamente.”
Schwab já havia deixado o cargo de presidente executivo no ano passado, com o ex-ministro das Relações Exteriores da Noruega, Borge Brende, assumindo a gestão cotidiana.
Há algumas semanas, o alemão de 87 anos havia anunciado que deixaria também o cargo de presidente não executivo, mas com a transição se estendendo até janeiro de 2027.
O WEF informou que seu vice-presidente, Peter Brabeck-Letmathe, assumirá interinamente a presidência enquanto um comitê de busca procura um substituto permanente para Schwab.
© Agence France-Presse