O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta sexta-feira (21) que já comunicou Lula que não será candidato a nenhum cargo em 2026 e que o presidente é "de longe" o nome mais forte para a disputa presidencial.
"Eu acredito que o presidente Lula vai chegar muito competitivo em 2026. É de longe o nome mais forte de nosso campo e tem todas as condições de concorrer. E eu vejo ele com plena saúde. Eu despacho com Lula toda semana. Teve o episódio da queda [...] e os médicos disseram que o presidente está apto a governar o país. Eu já disse que não tenho nenhuma pretensão em 2026 de concorrer a nenhum cargo. Declarei isso, já falei para o presidente sobre isso", afirmou em entrevista a Leandro Demori e Deborah Magagna, no ICL.
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Haddad ainda lembrou da participação na campanha de Lula em 2022, quando foi responsável por trazer Geraldo Alckmin (PSB) como vice, e explicou porque aceitou ser candidato em 2018 contra Jair Bolsonaro (PL).
"Eu vivi a experiência de 2018, quando ninguém queria ser candidato com Lula preso. Eu falei: 'olha, presidente, penso que tem pessoas mais bem colocadas do que eu, mas na falta estou aqui para não dizer não'. Porque entendia que tinha que ter alguém para defender o legado do presidente Lula nas eleições", contou.
Ajuste fiscal
Haddad ainda rebateu as críticas de que se reúne demais com agentes do sistema financeiro afirmando que um levantamento feito pela sua equipe mostra que apenas 19% dos encontros que teve foram com banqueiros e que "a maior parte com o setor produtivo, seja empresário ou trabalhador".
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O ministro ainda rebateu as críticas dos financistas, que pressionam o governo por meio da mídia liberal a fazer um ajuste fiscal, exigindo cortes em investimentos na saúde, educação e até em programas sociais, como o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e no aumento real do salário mínimo.
Haddad lembrou que com Paulo Guedes no governo Bolsonaro e Henrique Meirelles e Eduardo Guardia na gestão golpista de Michel Temer (MDB) o mercado não exercia pressão sobre as contas públicas, mesmo com déficits recordes.
"Eu acredito que exista hoje um consenso que os 10 anos de déficit fiscal não fizeram bem à economia brasileira. Nós tivemos dois ministros da Fazenda que eram declaradamente de direita. Verifique os déficits públicos que eles produziram. São déficits recordes na História do Brasil. E nem por isso eles sofriam pressão para ajustar as contas - e não ajustaram", afirmou.
No governo Bolsonaro, Haddad lembrou que Guedes "dilapidou o patrimônio público", entregando estatais como a Eletrobras e a BR Distribuidora a amigos para inflar as contas públicas e os lucros das empresas, distribuído a acionistas na bolsa de Nova York.
"[Guedes] Não só dilapidou o patrimônio público, como foram os casos da Eletrobrás e da Petrobrás que foram dilapidadas, como deu calote na dívida pública de precatório. Então, quando você dá calote na bacia das almas para fazer dinheiro rápido, ai não vale porque esse tipo de coisa não é estrutural. Você não consegue doar uma Eletrobrás por ano para agradar os amigos. Porque quando você vende no preço que foi vendida é para agradar alguém. Não tem sentido o que aconteceu", afirmou.
"Se fosse um baita projeto de privatização, que usa o recurso para construir outro ativo, investir em infraestrutura. Não. É uma coisa de dar a mão pela boca, que não resolve o problema estrutural", emendou.
Haddad ainda afirmou que há estudos que comprovam que as agências de risco Moody's, a Fitch e a Standard & Poor's (S&P) - chamadas "The Big Three" -, que compõem um cartel para "análise" das economias dos países em todo o mundo são mais complacentes com governos conservadores.
"Há estudos mostrando que as próprias agências de risco internacionais, e são três as agências de risco, são mais permissivas com governos conservadores do que com governos que procuram preservar a questão social, a proteção dos mais vulneráveis, que dependem mais do Estado para se emancipar".
Por fim, Haddad ainda afirmou que tanto ele quanto Lula sabiam o que estariam enfrentando após o presidente vencer a eleição para seu terceiro mandato.
"Ficar reclamando disso não é bom. Ninguém de nós é ingênuo para saber o desafio que estava sendo colocado ao presidente Lula".