NA MESA

O que o governo pretende fazer para baixar o preço dos alimentos

Medidas como "novo Plano Safra" e redução de alíquotas de importação estão em estudo; queda do dólar e produção recorde de grãos também podem ajudar a conter a alta de preços

Governo estuda medidas para baixar os preços dos alimentosCréditos: Tânia Rêgo/Agência Brasil
Escrito en ECONOMIA el

Nesta sexta-feira (24), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comandou uma reunião com ministros para discutir medidas voltadas a conter a alta no preço dos alimentos.

Após o encontro, os ministros da Agricultura, Carlos Fávaro, e do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, concederam entrevista coletiva. Fávaro anunciou que Lula quer um "novo Plano Safra", programa do governo federal que tem como objetivo fornecer recursos para o financiamento da atividade agrícola no país.

"O presidente determinou que a gente comece a discutir medidas de estímulo, um novo Plano Safra, que estimule mais os alimentos na mesa da população. É partir disso, então, que nós vamos se debruçar. Além disso, levar mais tecnologia, principalmente, para os pequenos produtores, para que eles possam aumentar a produtividade e, com isso, conter a inflação dos alimentos”, afirmou o ministro.

"Vamos concentrar esse crédito na produção de alimentos da cesta básica e aumentar a produtividade do pequeno e médio para que tenha resultado melhor e o alimento chegue mais barato", disse Paulo Teixeira. Segundo o Valor Econômico, uma das saídas encontradas pelo governo é incentivar a produção de itens como arroz, feijão, mandioca e trigo, oferecendo crédito a juros mais baratos no Plano Safra 2024/25, que tem início em julho, de 3% ao ano. 

A contratação já havia aumentado ao longo de 2024, chegando a índices de 18% para frutas e hortaliças, 52% para feijão, 5% para o arroz e 25% para o leite, ajudando a impulsionar o crescimento da área plantada e a perspectiva de uma colheita maior.

Redução da alíquota de importação

Segundo o ministro da Casa Civil, Rui Costa, uma das ações que estão em estudo é a redução da alíquota de importação de itens que estejam mais caras no Brasil do que no mercado externo.

"Se os preços desses produtos no mercado internacional estiverem mais baixos do que no mercado nacional, após essa análise que faremos, eles poderão ter rapidamente reduzida a alíquota de importação. Não justifica nós estarmos com preços acima do patamar internacional", pontuou Costa.

Uma outra medida em análise é a redução do custo de intermediação do Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), considerado alto. "O Ministério da Fazenda vai estudar medidas de aperfeiçoamento para, num prazo bem curto, apresentar uma proposta ao presidente, que, homologada, será divulgada para a imprensa. A essência dessa medida será reduzir a uma taxa substantivamente inferior à que o trabalhador paga hoje para utilizar seu cartão", detalhou o ministro.

Safra recorde e queda do dólar

Outras circunstâncias podem ajudar na redução do preço dos alimentos. Uma delas é a projeção de uma safra recorde em 2025. No ano passado, com a produção de 292,7 milhões de toneladas de cereais, leguminosas e oleaginosas, houve um recuo de 7,2% em relação à safra 2023. A estimativa faz parte do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em janeiro deste ano.

Agora, um levantamento realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que a produção de grãos no Brasil terá um crescimento recorde de 8,3% na temporada 2024/25, chegando a 322,47 milhões de toneladas.

"Uma boa notícia é a safra agrícola. Os estudos mostram que o clima este ano deve ser positivo. Ano passado, nós tivemos uma seca muito intensa. Com um clima bom, há uma expectativa de que a safra agrícola deve crescer 8% a mais, uma safra recorde. Isso ajuda a reduzir o preço. A outra é o dólar, porque você tem fertilizante, combustível, equipamento, muita coisa que é contaminada pelo dólar. Então, com a redução do dólar, também vai ajudar", avaliou, nesta sexta-feira, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin.

Alckmin aponta ainda outros fatores que devem ajudar na redução dos preços dos alimentos, como os impactos da reforma tributária e o estoque regulador da Conab. “O estoque regulador é quando eu tenho uma grande safra e se guarda um pouco, para quando faltar existir um estoque. Isso regula um pouco, evita grandes oscilações de preço. Tem outros estudos que o governo está fazendo, vamos aguardar, mas a iniciativa é positiva. E a boa notícia é a reforma tributária, que vai desonerar a cesta básica, inclusive a proteína animal”, explicou, segundo a Agência Brasil.

A queda do dólar também pode ajudar a conter a alta, já que sua elevação afetou os produtos que são commodities para exportação, como café, frutas e carne.

 

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