BOLSA-FAMÍLIA

Estudo revela que, na verdade, Bolsa Família tira as pessoas do assistencialismo: "diferenças significativas"

Pesquisa analisa impacto do programa a longo prazo e desmonta completamente a narrativa da extrema direita

Programa do governo Lula ajuda na entrada no mercado de trabalhoCréditos: Ricardo Stuckert/PR
Escrito en ECONOMIA el

Um estudo publicado na revista World Development Perspectives revelou dados surpreendentes sobre o impacto de longo prazo do Bolsa Família, criado ainda no primeiro mandato do governo Lula.

Contrariando a narrativa frequentemente promovida pela extrema direita, a pesquisa mostra que o programa não apenas ajuda a aliviar a pobreza, mas também promove a mobilidade social e reduz a dependência de assistencialismo.

A pesquisa, que foi financiada pelo Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social, analisou informações de beneficiários do Bolsa Família com idades entre 7 e 16 anos em 2005 até a idade adulta, em 2019.

Os resultados são impressionantes: 64% desses beneficiários não dependiam mais de programas sociais do governo federal em 2019. Além disso, 45% acessaram o mercado de trabalho formal pelo menos uma vez entre 2015 e 2019. 

Embora os ex-beneficiários estejam empregados em ocupações de pior qualidade e remuneração em comparação com a média dos não-beneficiários, sua maior participação no mercado de trabalho formal já representa um avanço considerável em relação às suas condições na infância e juventude. 

"Mostramos uma alta correlação entre a emancipação de programas sociais e a participação no mercado de trabalho", afirmam os pesquisadores no estudo.

Este aumento na participação no mercado de trabalho formal pode levar a maiores contribuições fiscais através do aumento da massa salarial, ajudando a equilibrar o orçamento do governo.

Diferenças regionais e de gênero

Os resultados indicam variações significativas nas características individuais e regionais do Brasil. Indivíduos do sexo masculino, mais velhos e brancos apresentam os níveis mais altos de mobilidade. As regiões mais ricas do Brasil, especialmente no Sul, mostraram quase o dobro de mobilidade em comparação com as regiões menos favorecidas do Norte, sugerindo políticas de integração regional e crescimento equitativo para melhora do quadro.

Este estudo desmonta a narrativa de que programas como o Bolsa Família "dão o peixe, mas não ensinam a pescar".