ENTREVISTA

Lula: "eu não indico presidente do Banco Central para o mercado"; veja vídeo

Presidente ainda criticou o "pessimismo" do mercado e descartou fazer ajuste fiscal em cima do aumento real do salário mínimo. "Se acho que vou resolver o problema da economia brasileira apertando o mínimo do mínimo eu estou desgraçado, eu não vou para o céu"

Lula em entrevista a jornalistas.Créditos: Ricardo Stuckert / PR
Escrito en ECONOMIA el

Em entrevista ao portal Uol nesta quarta-feira (26), o presidente Lula afirmou que ainda não decidiu quem deve substituir Roberto Campos Neto na Presidência do Banco Central, mas mandou um recado direto ao sistema financeiro ao ser indagado sobre especulações em torno de nomes como do ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, e do presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.

"Eu não indico presidente do Banco Central para o mercado. Eu indico presidente do Banco Central para o Brasil, pois ele vai ter que tomar conta dos interesses do Brasil. E o mercado, seja financeiro, empresarial ou produtivo, tem que se adaptar a isso", respondeu Lula.

Lula ainda criticou duramente o pessimismo do mercado, traduzido no boletim Focus - que serve de base para as decisões do Copom -, diante da realidade econômica do país.

O presidente lembrou de uma conversa com Kristalina Georgieva, diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), para explicar os erros recorrentes do sistema financeiro sobre a economia brasileira e a atuação do governo.

"Em Hiroshima, em janeiro do ano passado, eu encontrei a atual diretora do FMI e ela veio falar pra mim da economia brasileira. Eu falei: querida, deixa eu dizer uma coisa para a senhora, você precisa conhecer melhor o Brasil, o Brasil vai crescer mais do que a senhora acha. E cresceu", afirmou.

"Agora mesmo, o mercado sempre precifica a desgraça, está sempre trabalhando para não dar certo, torcendo para a coisa ser pior do que são. E a economia vai crescer mais do que todos os especialistas falaram. Porque a gente fala muito de macroeconomia, mas existe uma microeconomia funcionando nesse país atendendo milhões de pessoas", afirmou.

Lula ainda descartou fazer qualquer reajuste fiscal - os chamados "cortes de gastos", pelo mercado - em cima do aumento real do salário mínimo e da indexação à aposentadoria e ao Benefício de Prestação Continuada, o BPC. 

"A palavra salário mínimo é o mínimo que a pessoa tem para sobreviver. E se eu acho que vou resolver o problema da economia brasileira apertando o mínimo do mínimo eu estou desgraçado, eu não vou para o céu. Eu ficarei no purgatório", disse Lula. 

Assista