Em reunião desta quarta-feira (19), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central votou pela manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 10,5% e interrompeu uma série iniciada em agosto de 2023 com sete quedas seguidas do índice. A decisão favorece os interesses do mercado financeiro em detrimento da pressão contrária exercida ao longo da semana pelo Governo Lula, que vem fazendo duras críticas ao Roberto Campos Neto, o presidente da autarquia.
A decisão do Copom foi unânime, o que incluiu os diretores indicados pelo atual governo como Gabriel Galípolo, que é cotado para substituir Campos Neto. "O cenário global incerto e um cenário doméstico marcado pela resiliência na atividade econômica, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas [em relação à meta fiscal] demandando maior cautela", justificou.
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A última redução da taxa básica de juros ocorreu em 9 de maio, quando a Selic caiu de 10,75% para 10,50%. A decisão já quebrava uma sequência de seis reduções seguidas em 0,50%.
Os quatro diretores indicados pelo presidente Lula votaram por uma redução maior, de 0,50 ponto percentual. Já os quatro diretores nomeados na gestão Bolsonaro votaram pela redução no ritmo de queda, com 0,25 ponto percentual. Campos Neto, também nomeado na gestão anterior, foi responsável pelo desempate.
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Em nota, o Copom justificou a decisão afirmando que os indicadores da atividade econômica e de mercado de trabalho apresentaram "maior dinamismo que o esperado". A inflação também estaria em queda, o que para a receita ultraliberal de Campos Neto representaria uma oportunidade para segurar a taxa básica de juros, que estava em viés de queda.
Dessa vez, a narrativa de que o Brasil vive deflação e está com o setor produtivo aquecido foi hegemônica no Copom. E ainda que a Selic esteja no menor patamar desde fevereiro de 2022 (9,25%), o Brasil continua com a segunda maior taxa de juros reais do mundo, conforme a consultoria MoneYou. O país, com 6,54%, está atrás apenas da Rússia, que ostenta uma taxa de 7,79%.
O Copom é formado pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e outros 8 diretores da autarquia. Já a Selic é o parâmetro básico dos juros praticados no Brasil e influencia outras taxas praticadas, sejam empréstimos, financiamentos ou aplicações financeiras. As reuniões do Copom para revisar a taxa acontecem a cada 45 dias e não têm, necessariamente, a obrigação de aumentá-la ou reduzi-la.