TAXA SELIC

Decisão sobre Taxa Selic expõe divisão do Copom entre nomeados por Lula e Bolsonaro

Quatro diretores indicados no atual governo votaram por uma redução maior da taxa de juros, enquanto Campos Neto e outros quatro diretores da gestão anterior foram contrários

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Divulgação / Banco Central

Após seis reduções seguidas de 0,50 ponto percentual na Selic, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou nesta quarta-feira (8) uma queda de 0,25 ponto percentual. Com isso, a taxa básica de juros passou de 10,75% para 10,50% ao ano.

A votação para se chegar ao índice evidenciou uma divisão entre os integrantes do comitê. Os quatro diretores indicados pelo presidente Lula votaram por uma redução maior, de 0,50 ponto percentual. Já os quatro diretores nomeados na gestão Bolsonaro votaram pela redução no ritmo de queda, com 0,25 ponto percentual. O presidente do BC, Roberto de Oliveira Campos Neto, também nomeado na gestão anterior, foi responsável pelo desempate.

"Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho tem apresentado maior dinamismo do que o esperado. A inflação cheia ao consumidor manteve trajetória de desinflação, enquanto medidas de inflação subjacente se situaram acima da meta para a inflação nas divulgações mais recentes", justificou o Copom em nota.

Com a decisão, o Brasil continua com a segunda maior taxa de juros reais do mundo, conforme a consultoria MoneYou. O país, com 6,54%, está atrás apenas da Rússia, que ostenta uma taxa de 7,79%.

"Contra o crescimento e o emprego"

Nas redes sociais, a decisão provocou reações por parte de economistas e políticos. Mesmo antes da decisão ser anunciada, a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, falava sobre o ambiente criado para que o ritmo da redução da Selic fosse freado.

"Toda a gritaria do mercado sobre necessária revisão da meta fiscal, engrossada pelo diretor de investimentos da Verde Asset, visa a criar clima para o Copom reverter o movimento de queda da taxa Selic na reunião de hoje. Nunca pareceu tão evidente a contradição entre as necessidades do país e os interesses dessa gente. E foi Campos Neto, o presidente Banco Central, quem insuflou essa onda. Quer aproveitar seus últimos meses de mandato para concluir sua obra de sabotagem ao Brasil e ao governo Lula", disse, em seu perfil no ex-Twitter.

O secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Uallace Moreira, advertiu sobre os efeitos negativos do anúncio do Copom. "A redução da selic em apenas 0,25% É contra o crescimento e o emprego e inviabiliza o investimento produtivo. Além do mais, gera um rombo fiscal com os elevados serviços da dívida. Taxa de juros alta é o maior inimigo do equilíbrio fiscal", apontou, também na rede social.

"Campos Neto desempatou pelo corte da Selic de 0,25pp, para 10,50% a.a. Os velhos seguiram o boato: pânico fiscal. Os novos se apoiaram em fatos: inflação em queda, PIB desacelerando e desemprego subindo na margem. Copom rachou de novo. Fortes emoções adiante", previu o professor de Economia da Unifesp André Roncaglia.