Meses depois do Governo Lula anunciar o programa Nova Indústria Brasil, em janeiro deste ano, o país registra um índice de crescimento industrial acelerado em abril, superior ao que tem sido visto nos últimos 3 anos, e figura ao lado de países como a China, a Índia e os EUA como uma das principais nações industrializadas de 2024.
As informações são de pesquisa da JP Morgan, realizada em parceria com a S&P Global Market Intelligence e publicada nesta quinta-feira (2). O levantamento analisa produção, vendas, emprego e estoques das indústrias de todo o planeta e elabora o Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês).
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A cifra média do PMI é 50 e indica que a indústria de um determinado país está estagnada. Se o índice for inferior, está em decrescimento, e, se for superior, em crescimento.
O PMI da indústria brasileira marcou 55,9 em abril, anotando o maior índice desde julho de 2021. Em março, estava em 53,6. O nível de crescimento nacional mostrou contraste em relação a estagnação que vive a indústria global.
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Em termos gerais, pensando na média global, houve um aumento na produção e nas novas encomendas da indústria. No entanto, índices de estoques de compras, prazos de entrega e empregos ou ficaram estagnados ou estão decrescentes.
O PMI mundial ficou em 50,6 em abril, registrando uma leve alta em relação ao mês anterior que fechou em 50,3. Mas essa é uma média de todas as 32 economias avaliadas – e o Brasil está muito acima da média. A Europa, ao contrário, viu 8 dos seus países – Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Polônia, Tchéquia, Áustria e Irlanda – seguirem Japão, México e Canadá na redução da produção industrial.
Há dois fatores que podem explicar o sucesso da indústria brasileira em 2024. O primeiro deles foram as sucessivas reduções da taxa básica de juros, a Selic, que o Banco Central de Roberto Campos Neto realizou a contragosto a partir de agosto de 2023, pressionado pelo Governo Lula. A redução dos juros permitiu uma maior mobilidade para o setor industrial obter créditos para investir na produção.
O outro fator é o lançamento do programa Nova Indústria Brasil, realizado em 22 de janeiro no Palácio do Planalto, durante reunião do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI). A nova política industrial prevê investimentos de R$ 300 bilhões no setor até 2026. O principal objetivo é recuperar a indústria nacional após décadas em que o país viveu um processo de desindustrialização.
Amplamente divulgada pelos de comunicação, uma das principais características do projeto são dois planos de metas e objetivos, um já para 2026, com o fim do atual mandato, e outro, de longo prazo, para 2033.
Entre as metas está o aumento da participação das agroindústrias no PIB agropecuário para 50% e a mecanização de 70% da agricultura familiar.
Além disso, também está previsto fazer com que complexo industrial nacional de saúde atenda a pelo menos 70% das necessidades do país em termos de medicamentos, vacinas e equipamentos; reduzir em 20% o tempo de deslocamento dos trabalhadores da indústria com paralelo investimento em mobilidade urbana, moradia e saneamento básico; investir em novas tecnologias em 90% das empresas industriais brasileiras; promover a indústria verde; e investir, também, na autonomia nacional no setor industrial de defesa.
Em linhas gerais, conforme exposto pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, as medidas se dividem em 6 eixos:
- 1. Regime especial da Indústria Petroquímica (Reiq) que prevê R$ 1,5 bilhões em benefícios tributários ao setor;
- 2. Redução do prazo para registro de patentes que será posto em prática via projeto de lei. Objetivo é que o tempo médio, de 6,9 anos, caia para 2;
- 3. Criação do Centro de Bionegócios da Amazônia;
- 4. R$ 20 bilhões destinados para a agricultura familiar adquirir máquinas;
- 5. Instituição do novo Padis - Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores e Displays;
- 6. Aporte de R$ 19,3 bilhões para investir em sustentabilidade na indústria automobilística.
Na última semana, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, Aloizio Mercadante, anunciava que o BNDES já tinha aprovado R$ 100 bilhões no âmbito do programa. Entre as entregas está a da fábrica de insulina inaugurada em 27 de abril em Nova Lima, Minas Gerais. Com um aporte de R$ 100 milhões do BNDES, a fábrica pretende atender as necessidades de 2 milhões de pacientes de diabetes.