O lucro empresarial de diretores e acionistas cresceu 14 vezes mais do que os salários dos trabalhadores entre 2020 e 2023, mostra um relatório divulgado pela Oxfam neste Dia do Trabalhador e da Trabalhadora.
Foram analisados 31 países, que, juntos, representam 81% do PIB global. De acordo com o estudo, enquanto os pagamentos totais de dividendos aumentaram 45%, o salário dos trabalhadores aumentou apenas 3%.
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A Oxfam também calculou, com base nos dados do Wealth-X, que o 1% mais rico, que atualmente detém 43% de todos os ativos financeiros globais, recebeu em média US$ 9.000 em dividendos em 2023. Isso corresponde a oito meses de trabalho e salário para um trabalhador comum.
“Milhões de pessoas têm empregos que as mantêm em um ritmo de trabalho intenso, mas que não garantem recursos suficientes para alimentação, remédios e outros itens básicos, afirmou o diretor executivo interino da Oxfam International, Amitabh Behar.
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Os super-ricos não ganham suas mega-fortunas ‘trabalhando’ – eles tiram esse dinheiro das pessoas que trabalham, acrescentou Behar.
O relatório ainda ressalta que, apesar do cenário já ser preocupante, ele tende a piorar, pois a tendência é que o lucro empresarial continue crescendo e gerando efeitos sobre a desigualdade social. De acordo com o Janus Henderson Global Dividend Index, índice que analisa as 1.200 maiores empresas do mundo, os lucros totais das empresas estão à beira de ultrapassar o recorde histórico de US$ 1,66 trilhão do ano passado.
Outros dados destacados pelo relatório com base em informações divulgadas pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) mostram que aproximadamente 1 em cada 5 trabalhadores no mundo ganha um salário abaixo da linha de pobreza e que 66% dos trabalhadores em países de baixa renda recebem salários de miséria.
“Nenhuma empresa deveria estar pagando aos acionistas ricos a menos que esteja remunerando todos os seus trabalhadores com um salário digno. Os governos devem limitar os pagamentos aos acionistas, apoiar os sindicatos e estabelecer leis que garantam salários dignos. Deveríamos estar recompensando o trabalho, não a riqueza”, acrescentou Behar.
Sobre o Brasil, o coordenador de Justiça Rural de Desenvolvimento da Oxfam Brasil, Gustavo Ferroni, ressaltou que, apesar da grande maioria da população trabalhar, não é possível garantir uma vida digna com a renda do trabalho.
"Cerca de 60% da população ganha até um salário-mínimo. Apenas 30% dos trabalhadores de carteira assinada ganham mais que dois salários-mínimos. Não é possível diminuir de maneira significativa a desigualdade sem que a renda do trabalho melhore”, disse.
O que é a Oxfam
A Oxfam é uma confederação internacional de organizações não governamentais (ONGs) que trabalham para combater a pobreza e a desigualdade em todo o mundo.
Trabalha em várias áreas, incluindo ajuda humanitária em situações de emergência, desenvolvimento de programas para melhorar o acesso à água, saúde e educação, campanhas de defesa dos direitos das mulheres e das minorias e esforços para combater as mudanças climáticas e suas consequências.
A organização opera em mais de 90 países e desempenha um papel importante na conscientização global sobre questões de justiça social e econômica.
O que é a Wealth-X
A Wealth-X é uma empresa global de inteligência e pesquisa que fornece informações sobre a elite global de alta renda e ultra-alta renda. Oferece dados e insights sobre indivíduos de alto patrimônio líquido, famílias abastadas e suas características, comportamentos de gastos, tendências de investimento e padrões de consumo.
A empresa é reconhecida por sua vasta base de dados e análises detalhadas, sendo uma fonte importante para instituições financeiras, empresas de consultoria, firmas de investimento e outros interessados em entender o comportamento e as tendências da elite financeira mundial.