O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou nesta quarta-feira (20) o sexto corte seguido na taxa básica de juros, a Selic, que saiu de 11,25% para 10,75% ao ano. Agora o objetivo do Governo Lula é fechar o ano na casa dos 9%.
O indicador chegou ao mesmo patamar registrado em março de 2022, quando começou um período de altas seguidas que elevou a Selic para 13,75%. Março de 2022 e março de 2024 registraram os menores níveis da taxa básica de juros dos últimos dois anos. Em fevereiro de 2022 as taxas estavam em 9,25%.
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Após as altas de 2022, Selic estacionou em 13,75% ainda durante o governo Bolsonaro e, nos primeiros meses do Governo Lula houve muita discussão com o Banco Central, que se recusava a debater a diminuição. Mas o novo governo ganhou a queda de braço e em agosto foi registrada a primeira queda.
Em 2 de agosto de 2023, quando foi anunciada a primeira redução desta série recente, estávamos registrando três anos seguidos sem quedas. Conforme prometido em campanha, o Governo Lula em pouco menos de seis meses conseguiu entregar a redução e seguiu com a política de reduzir a Selic em 0,5% a cada encontro do Copom.
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As escalada de reduções se confirmaria nos meses seguintes: 12,75% em setembro de 2023, 12,25% em novembro e 11,75% em dezembro e 11,25% no final de janeiro deste ano.
Copom e Selic
O Copom é formado pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e outros 8 diretores da autarquia. Já a Selic é o parâmetro básico dos juros praticados no Brasil e influencia outras taxas praticadas, sejam em empréstimos, financiamentos ou aplicações financeiras. As reuniões do Copom para revisar a taxa acontecem a cada 45 dias e não têm, necessariamente, a obrigação de aumentá-la ou reduzi-la.
O que muda no bolso dos brasileiros?
Sempre que alguma notícia com tal relevância aparece nos meios de comunicação, surge a pergunta: o que muda no bolso dos brasileiros? Em agosto do ano passado, logo que a primeira redução fio anunciada, entrevistamos o economista Marcelo Manzano sobre essa questão.
“Como o indicativo do início de um ciclo de quedas, sobretudo para o setor produtivo que vai fazer investimentos hoje para ter retorno nos próximos meses e anos, esse indicador é mais positivo, animador e tende a produzir efeitos maiores. O empresariado, ou alguns dos seus setores, pode avaliar que é chegado o momento de ampliar a sua produção para o futuro, pois o mercado aparentemente deve se aquecer no próximo período", explicou.
Caso esse efeito realmente seja abrangente, é possível que o Brasil registre um aumento na geração de empregos no próximo período. Mas nem tudo é "festa", como alerta Manzano.
“De qualquer maneira vale lembrar que a taxa Selic é o piso das taxas do sistema financeiro. Nem para o empresário, e muito menos para o consumidor, essa queda de 0,5% vai trazer resultados rápidos em termos quantitativos. Enquanto o empresariado trabalha com taxas de 20% ao ano, o consumidor irá pagar nos seus créditos consignados e no consumo, taxas que superam 50, 60 e até 70% ao ano. E aí o 0,5% não significa quase nada”.
Por fim, o economista aponta que a queda na taxa de juros pode significar uma economia bilionária para o governo federal:
“Outro aspecto que não podemos nos esquecer é que em última instância é o governo quem paga o custo da taxa Selic. 0,5% a menos pode significar uma economia de quase R$ 20 bilhões. O governo vai poder deixar de gastar esse valor e essa economia de recursos fiscais pode ser incrementada até o final do ano se a tendência de queda da Selic se mantiver”, concluiu Manzano.