O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou no fim da tarde desta quarta-feira (31) o quinto corte seguido na taxa básica de juros, a Selic, que saiu de 11,75% para 11,25% ao ano. O indicador está no menor patamar desde março de 2022, quando registrou 10,75% e então começou um período de altas seguidas que elevou a Selic para 13,75%.
O juros já vinham aumentando desde 2020. Tanto que em 2 de agosto de 2023, na primeira redução desta série recente, estávamos registrando três anos seguidos sem quedas. Conforme prometido em campanha, o Governo Lula em pouco menos de seis meses conseguiu entregar a redução.
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No comunicado divulgado pelo Copom, o comitê diz o novo corte de 0,5% foi fruto de uma decisão unânime e que não descarta uma nova redução na próxima reunião, que ocorre entre 19 e 20 de março. Estimativas de economistas ligados ao mercado financeira e divulgadas pela mídia hereditária apontam que as previsões do setor é de que fechemos 2024 com a Selic em 9% ao ano.
"Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário", diz a nota.
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Reduções
A Selic estacionou em 13,75% durante o governo Bolsonaro e, nos primeiros meses do Governo Lula houve muita discussão com o Banco Central, que se recusava a debater a diminuição. Mas o novo governo ganhou a queda de braço e em agosto foi registrada a primeira queda, deixando a taxa básica de juros em 13,25% ao ano.
As escalada de reduções se confirmaria nos meses seguintes: 12,75% em setembro, 12,25% em novembro e 11,75% em dezembro, até chegar a atual cifra de janeiro: 11,25%.
O Copom é formado pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e outros 8 diretores da autarquia. A presente reunião foi a primeira com a participação de Paulo Picchetti e Rodrigo Alves Teixeira, os dois novos diretores indicados por Lula.
A Selic é o parâmetro básico dos juros praticados no Brasil e influencia outras taxas praticadas, sejam em empréstimos, financiamentos ou aplicações financeiras. As reuniões do Copom para revisar a taxa acontecem a cada 45 dias e não têm, necessariamente, a obrigação de aumentá-la ou reduzi-la.
O que muda no bolso dos brasileiros?
Sempre que alguma notícia com tal relevância aparece nos meios de comunicação, surge a pergunta: o que muda no bolso dos brasileiros? Em agosto do ano passado, logo que a primeira redução fio anunciada, entrevistamos o economista Marcelo Manzano sobre essa questão.
“Como o indicativo do início de um ciclo de quedas, sobretudo para o setor produtivo que vai fazer investimentos hoje para ter retorno nos próximos meses e anos, esse indicador é mais positivo, animador e tende a produzir efeitos maiores. O empresariado, ou alguns dos seus setores, pode avaliar que é chegado o momento de ampliar a sua produção para o futuro, pois o mercado aparentemente deve se aquecer no próximo período", explicou.
Caso esse efeito realmente seja abrangente, é possível que o Brasil registre um aumento na geração de empregos no próximo período. Mas nem tudo é "festa", como alerta Manzano.
“De qualquer maneira vale lembrar que a taxa Selic é o piso das taxas do sistema financeiro. Nem para o empresário, e muito menos para o consumidor, essa queda de 0,5% vai trazer resultados rápidos em termos quantitativos. Enquanto o empresariado trabalha com taxas de 20% ao ano, o consumidor irá pagar nos seus créditos consignados e no consumo, taxas que superam 50, 60 e até 70% ao ano. E aí o 0,5% não significa quase nada”.
Por fim, o economista aponta que a queda na taxa de juros pode significar uma economia bilionária para o governo federal:
“Outro aspecto que não podemos nos esquecer é que em última instância é o governo quem paga o custo da taxa Selic. 0,5% a menos pode significar uma economia de quase R$ 20 bilhões. O governo vai poder deixar de gastar esse valor e essa economia de recursos fiscais pode ser incrementada até o final do ano se a tendência de queda da Selic se mantiver”, concluiu Manzano.