BALANÇO

2023: O ano em que Haddad bombou

Quem, no começo do governo Lula, diria que depois de Bolsonaro entregar o país com grandes problemas, economia toda torta, gastos para tentar se reeleger e sem projeto, poderia ter um 2023 tão razoável com Lula?

Créditos: Ato Press/Folhapress
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Estamos chegando no final do ano e pinta aquele momento de fazer avaliações. Eu engordei ou emagreci durante o ano? Meu time foi campeão ou foi para a Série B? O filho passou na escola direto, ficou de recuperação ou repetiu? O Luca, por exemplo, passou direto...tô felizão. E quem mais passou direto, sem recuperações, foi ele, Fernando Haddad, o ministro da Economia, que no mínimo tirou nota BB.

A agência de risco S&P Global Ratings elevou a nota do Brasil de BB- para BB, um avanço razoável. A agência destaca para essa melhora, entre outras coisas, a aprovação da Reforma Tributária e as melhores perspectivas de crescimento. O Brasil, que elas previam que ia crescer 0,8% neste ano, deve crescer 3% ou até um pouco mais.

Além dessa nota BB no final do ano, Haddad também foi eleito como melhor ministro do governo na pesquisa Quaest. Ele teve 7% das intenções de voto e foi seguido por Flávio Dino, com 4%.

Quem, no começo do governo Lula, diria que depois de Bolsonaro que entregou o país com grandes problemas, com a economia toda torta, dando auxílio emergencial, despachando recursos para tentar se reeleger, com propostas desorientadas e sem um projeto claro, buscando reeleição de qualquer jeito, poderia ter um 2023 tão razoável com Lula?

Pois isso de alguma coisa se deve ao fato de Lula ter escolhido para a Economia um cara que não é alguém do mercado, mas sim da política. Ah, mas ele fez economia, deu aula em faculdade. É verdade, não é um neófito, é um cara que entende um pouco do riscado, mas não é um especialista, não é um mercadista.

E Lula escolheu Haddad exatamente por isso, porque queria alguém com capacidade de articulação, mas que, ao mesmo tempo, fosse um moderado.

E Haddad, apesar de muito discreto, é habilidoso e competentíssimo como articulador político. Quando ministro da Educação ele aprovou Programa Universidade Para Todos (Prouni), Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e outros projetos importantes com votos da oposição. Ele também foi eleito prefeito de São Paulo contra José Serra porque teve capacidade de articulação. Até beijar a mão do Maluf na sua casa ele foi junto com Lula pra ter apoio do ex-prefeito.

Entre 2012 e 2016, Haddad também teve capacidade de articulação para governar na prefeitura quatro anos sem ter nenhuma tentativa de impeachment naquele momento absolutamente conturbado.

E é essa sua capacidade de articulação que lhe garantiu lidar com Lira e suas idiossincrasias, aproveitando para colocar o país entre as dez maiores economias do mundo.

Sim, nesta semana com 2,13 trilhões passou o Canadá. E já pode passar a Itália no ano que vem, chegando em oitavo PIB do mundo. O Brasil que no governo Bolsonaro estava em 11º lugar agora sobe.

Haddad sai ao final deste ano muito melhor do que entrou. Ele entrou sob desconfiança. Agora se torna um superministro.

E sai pra lá de numa boa com Lula. Aliás, quem pensava que Haddad e Lula estavam se bicando em alguns momentos, perdeu a aposta. Os movimentos do Haddad, mais ortodoxos, estão alinhados com Lula. E Lula às vezes só dá uma cutucada para testar o mercado e para ver se dá para esticar um pouco mais a corda. Um bate e outro assopra. Mas os dois estão mais do que alinhados. E Haddad joga para que Lula brilhe. Porque se Lula brilhar com a economia dando certo, Haddad se torna um candidato fortíssimo à sua sucessão. E ele sabe disso.