Duas das maiores companhias aéreas em atividade no Brasil estão em pé de guerra na Justiça dos EUA: a Gol Linhas Aéreas e a Latam Airlines.
A Gol entrou com uma ação nos EUA em que acusa a concorrente de se aproveitar um mal momento seu para aliciar pilotos e fornecedores de aeronaves. A empresa recentemente entrou em processo de recuperação judicial.
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A acusação é de que a Latam, aproveitando-se a crise financeira, tentou contratar seus principais pilotos e fez contatos com arrendadores de aeronaves em “campanha deliberada e coordenada”. De acordo com a ação da Gol, a empresa tomou conhecimento das práticas contra si logo após protocolar petição referente ao seu processo de recuperação judicial no EUA. A petição pede a suspensão da execução das dívidas e a elaboração de um plano de reestruturação da empresa.
“Nos dias seguintes, relatórios da indústria, entrevistas e atividades adicionais forçaram a Gol a concluir que a Latam está engajada em uma campanha deliberada e coordenada para interferir na propriedade da Gol”, diz a ação da empresa.
O principal pedido da Gol é que a Justiça dos EUA decida se a atuação da concorrente violaria a lei americana de falências. Segundo a empresa há uma concorrência desleal dado o seu momento de crise.
A Latam, por sua vez, minimizou as acusações e alegou que estar em contato com profissionais e fornecedores é “parte do negócio”.
"O grupo LATAM está em contato permanente com todas as partes interessadas relevantes em matéria de frota (arrendadores e fornecedores de equipamentos e manutenção) como parte de seu negócio. A companhia está ativa no mercado há vários meses com o objetivo de garantir a capacidade necessária para atender às necessidades contínuas e de longo prazo no contexto dos desafios globais da cadeia de suprimentos e da falta de aeronaves/motores", diz nota da Latam divulgada para a imprensa.
A recuperação judicial da Gol
A Gol está em crise financeira e entrou com um pedido de recuperação judicial na Justiça dos EUA, na quinta-feira, 25 de janeiro. São mais de 50 mil credores, em uma dívida que, somada, chega a R$ 20 bilhões.
Os credores incluem bancos, a empresa de aviões Boeing, o Comando da Aeronáutica e até alguns aeroportos brasileiros.
A dívida da companhia aérea é causada, principalmente, por altas despesas com o contrato de aluguel de aeronaves e juros. A situação se agravou com a pandemia de Covid-19, que causou uma crise no mercado das viagens aéreas.
Segundo O Globo, a Gol perdeu o crédito junto a distribuidores de combustível em alguns aeroportos do país e passou a fazer os pagamentos à vista, mas a empresa afirma que “não tem problema com abastecimento de combustível”.
No pedido de recuperação judicial feito à Justiça dos EUA, a companhia estima entre 50 mil e 100 mil credores e incluiu em seu processo de reestruturação a Smiles, seu serviço de milhas aéreas, bem como outros braços da empresa.
A empresa busca cerca de US$ 950 milhões, o equivalente a quase R$ 4,7 bilhões, em empréstimos e proteção contra falência com a recuperação judicial.
Quais são os credores da Gol
O principal credor da Gol é o banco estadunidense BNY Mellon, que cobra um montante de US$ 539,9 milhões, quase R$ 2,7 bilhões.
Em segundo está o Comando da Aeronáutica (US$ 222,5 milhões, cerca de R$ 1 bilhão) e, em seguida, a empresa Vibra (US$ 91,4 milhões, cerca de R$ 450 milhões).
A Gol também tem dívidas com empresas como Boeing e Infraero, as quais ela deve cerca de R$ 73 milhões, e com o Ministério da Fazenda, que está no prejuízo em quase R$ 36 milhões.
A companhia aérea ainda deve para concessionárias de uma série de aeroportos brasileiros, como a do Aeroporto Internacional de Florianópolis, do Galeão no Rio de Janeiro (RJ), e do Aeroporto de Brasília.
Apesar da crise, a empresa segue com suas operações normalmente.