Em meio ao intenso ataque especulativo do mercado financeiro que culminou na disparada do dólar, o Banco Central (BC) revisou para cima a projeção do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.
Nesta quinta-feira (19), o BC projetou PIB de 3,5% em 2024. No relatório anterior da instituição, a projeção de crescimento para este ano era de 3,2%.
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“A alteração na projeção de crescimento do PIB em 2024 reflete a surpresa positiva no resultado do terceiro trimestre e os indicadores do quarto trimestre disponíveis até a data de corte deste Relatório”, diz o documento do BC.
A revisão do crescimento mostra que economia do país vai bem, mas investidores vêm insistindo na tese de "problema fiscal" para boicotar o governo, provocando uma crise cambial severa. Nesta quarta-feira (18), o dólar comercial chegou a bater R$ 6,20, a maior cotação da história.
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Brasil registrou o 4º maior PIB entre os países do G20 no terceiro trimestre
Com um avanço de 0,9% no terceiro trimestre de 2024, o Brasil garantiu o quarto maior crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) entre os países do G20, empatando com a China e ultrapassando os Estados Unidos, que cresceram 0,7%. Esse resultado reforça o ritmo acelerado da economia brasileira, que já acumula alta de 4% no ano, consolidando-se como um dos destaques globais.
Em nota divulgada no dia 3 de dezembro, o Ministério da Fazenda atribuiu o bom desempenho da economia brasileira a setores como construção civil, indústria de transformação e serviços, além de um salto expressivo nos investimentos.
"A formação bruta de capital fixo cresceu 10,8% no terceiro trimestre, após expansão de 5,7% no segundo trimestre. O maior ritmo de crescimento interanual está relacionado à expansão da construção e ao aumento na produção e importação de bens de capital. O bom desempenho das captações no mercado de capitais e o mercado de trabalho aquecido tem impulsionado a expansão dos investimentos, até o terceiro trimestre pouco afetados pelo aumento nas taxas de juros", diz a nota do ministério comandando por Fernando Haddad.
O resultado surpreendeu as expectativas do próprio governo, que agora sinaliza uma possível revisão da projeção de crescimento para 2024. Segundo a Fazenda, o bom desempenho industrial e a forte expansão do consumo das famílias foram decisivos para o avanço.
Governo Lula aciona PF contra ataque especulativo
Na noite desta quarta-feira (18), a Advocacia-Geral da União (AGU) encaminhou ofícios à Polícia Federal e à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), pedindo a abertura de investigações policiais e administrativas para apurar eventuais crimes relacionados ao mercado de capitais.
Conforme destaca a Procuradoria Nacional da União de Defesa da Democracia (PNDD), a propagação de boatos comprometeu a efetividade da política de estabilização cambial, expondo os graves impactos dessas práticas.
“Há uma clara relação entre a cotação de moedas estrangeiras, como o dólar, e os preços dos valores mobiliários negociados em bolsas de valores. O aumento recente no valor da moeda americana foi acompanhado por uma redução nos volumes transacionados no mercado de capitais”, destaca um trecho do documento enviado pela AGU.
A entidade também apontou que tais condutas podem configurar crimes contra o mercado de capitais, de acordo com o artigo 27-C da Lei 6.385/76.
Como começou a fake news
A ação foi desencadeada pela disseminação de informações falsas em uma rede social sobre a política monetária, o Banco Central (Bacen) e seu futuro presidente, Gabriel Galípolo. A PNDD tomou a iniciativa após um pedido da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom/PR).
Uma postagem específica no Twitter ganhou grande repercussão: “URGENTE – Gabriel Galípolo, próximo presidente do BC, considera a alta do dólar artificial e não demonstra preocupação. ‘A meta é fazer a moeda estadunidense retornar aos R$ 5,00 ainda em 2025’, declarou Galípolo”. A mensagem foi amplamente compartilhada por influenciadores antes que a conta responsável fosse deletada ainda na noite de quarta-feira.
De acordo com nota divulgada pela AGU, o Banco Central prontamente desmentiu as alegações, mas a disseminação do conteúdo teve um impacto considerável no mercado financeiro, afetando diretamente a cotação do dólar e gerando reações em páginas especializadas em economia.
Agora, caberá à Polícia Federal e à CVM conduzir as apurações para determinar a origem dos boatos e apurar eventuais responsabilizações criminais e administrativas. A AGU reafirma o compromisso em proteger o funcionamento do mercado financeiro e a estabilidade econômica do país.