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JBS conquista mercado de potência africana que mais cresce no mundo

Empresa se consolida como principal fornecedor do país que caminha para se tornar o 3° maior em população e o segundo em taxa de crescimento econômico, com investimento de US$ 2,5 bilhões

Funcionário em unidade produtiva da JBS manuseando caixas da Friboi.Créditos: JBS
Escrito en ECONOMIA el

A Nigéria é um dos países cuja população mais cresce no mundo. Segundo projeções da ONU, o país deve alcançar 400 milhões de habitantes até 2025, posicionando-se como o 3° mais populoso, atrás apenas de Índia e China.

 A média de natalidade nigeriana, em 2021, era de quatro filhos por mulher, um bônus demográfico que já o torna o país mais populoso do continente africano. Com uma população formada majoritariamente por crianças e jovens, a Nigéria sofre com uma grande demanda não atendida de consumo agroexportador, principalmente no setor frigorífico. 

Pelo menos 10% de seu PIB provém da produção de proteínas, que é responsável por atender a 40% de toda a demanda doméstica.

A JBS conseguiu se lançar como player mais importante desse mercado robusto — e ainda sem fornecedores de peso — em uma parceria com o governo nigeriano que mira a construção de "cadeias produtivas sustentáveis", de acordo com o memorando assinado na última quinta-feira (21). 

A parceria vai viabilizar a construção de seis fábricas (três de aves, duas de bovinos e uma de suínos) para o "enfrentamento da insegurança alimentar" no país, disse Gilberto Tomazoni, CEO Global da JBS. Os investimentos se darão ao longo de cinco anos e somam um total de US$ 2,5 bilhões.

Dados da ONU afirmam que o PIB nigeriano pode mais que dobrar até 2050, alcançando US$ 1 trilhão. É um país demograficamente denso, mas também enfrenta desafios no seu desenvolvimento: conta com uma das maiores taxas de insegurança alimentar do mundo, com estimativas que apontam para 24,8 milhões de nigerianos atualmente em estado de fome, de acordo com o World Food Programme das Nações Unidas (WFP). 

Em 2022, a JBS, segunda maior produtora de carne bovina e frango do mercado internacional, já havia adquirido duas plantas produtivas no Oriente Médio e no Norte da África (região conhecida como MENA), localizadas na Arábia Saudita e nos Emirados Árabes Unidos. Isso levou à criação de uma rede própria de distribuição que chegava ao Kuwait e, em 2024, num investimento de US$ 50 milhões para quadruplicar sua capacidade produtiva, que deve chegar a 40 mil toneladas por ano.

Em 2024, África e Oriente Médio já representavam 15,7% das exportações da JBS, com um lucro líquido de até R$ 1,7 bilhão nesses mercados.

De acordo com o Brazil Journal, o novo acordo travado entre a multinacional e o governo nigeriano pelos mercados do país na África Ocidental, que deve ser financiado por agências de desenvolvimento locais, concederá 55% do negócio à JBS e 45% ao governo nigeriano e aos investidores locais. 

Em comunicado, a JBS afirmou que o governo da Nigéria deve assegurar "as condições econômicas, sanitárias e regulatórias" para dar vazão ao projeto.

O governo de Tinubu teria se inspirado no modelo brasileiro e suas cadeias produtivas agroexportadoras. O presidente nigeriano visitou plantas no Brasil para estudar exemplos desse mercado, e o acordo final com a JBS foi assinado durante os encontros do G20, ocorridos no Rio de Janeiro.

Com ele, a JBS se lança a um empreendimento quase monopolístico no suprimento do grande mercado africano, que vai se tornar um dos mais valiosos do mundo. Projeções do último relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgadas em outubro de 2024 indicam o país como o 2° que mais deve crescer em volume de PIB, com uma taxa de crescimento de 9,9%. Perde apenas para a Guiana, que crescerá surpreendentes 43,8%.

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