ALIMENTAÇÃO

O investimento milionário da JBS que promete "revolução" com alimento polêmico

Novas fábricas prometem produção massiva de alimento que (ainda) não faz muito sucesso

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante visita à planta frigorífica da JBS em Campo GrandeCréditos: Ricardo Stuckert/PR
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A JBS, gigante brasileira no setor de alimentos, está se posicionando como uma das pioneiras na produção de carne cultivada em laboratório, investindo forte na tecnologia que promete revolucionar a indústria alimentícia nos próximos anos.

A ideia é expandir a produção e melhorar a qualidade da carne sem necessidade de abate. 

Com um aporte total de US$ 100 milhões (mais de R$ 500 milhões) entre 2021 e 2025, a empresa busca se consolidar como uma das principais fabricantes de proteína cultivada do mundo.

Parte significativa desse investimento foi destinada à aquisição de 51% da BioTech Foods, uma empresa espanhola líder no setor de carne cultivada na Europa.

Além disso, a JBS está construindo a maior fábrica de carne cultivada do mundo em San Sebastián, na Espanha. A unidade, que deve ser concluída em meados de 2024, terá uma capacidade inicial de produção de mais de 1.000 toneladas de proteína cultivada por ano, com potencial para expandir essa capacidade para 4.000 toneladas a médio prazo.

Fábrica no Brasil

No Brasil, a JBS também está investindo fortemente na produção de carne cultivada. A empresa planeja inaugurar, até o final de 2024, o JBS Biotech Innovation Center em Santa Catarina, com um investimento adicional de US$ 60 milhões.

Este será o maior centro de pesquisa privado do Brasil dedicado à carne cultivada. O alimento é considerado uma verdadeira revolução no setor de alimentos. A tecnologia promete atender à crescente demanda por proteína animal com um impacto ambiental significativamente menor, eliminando a necessidade do abate de animais.

Porém, ele ainda sofre resistência de parte da população e da comunidade científica, que enxerga o ultraprocessado como uma alternativa arriscada de substituição da carne vermelha. A bancada do agronegócio também tenta frear a pesquisa no Brasil. Na Itália, a produção do alimento é proibida.

As empresas do setor afirmam que investem para que a carne cultivada terá o mesmo sabor, textura e aroma da carne tradicional, mas com um processo de produção muito mais rápido — menos de um mês em comparação aos três anos necessários para criar um animal convencionalmente.

Empresas como a israelense Pluri, que já detém 140 patentes na área, indicam que estão prontas para escalar a produção e colocar carne cultivada nas prateleiras dos supermercados entre 2024 e 2025. Com seus vultosos investimentos tanto na Europa quanto no Brasil, a JBS se coloca na vanguarda dessa transformação, que promete mudar o futuro da produção de alimentos nas próximas décadas.

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