A tese vencedora do prêmio Nobel de economia de 2024, concedida em 14 de setembro a pesquisadores do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), é baseada na teoria institucionalista da economia — isto é, centraliza o papel das instituições no desenvolvimento dos agentes econômicos.
A pesquisa de Daron Acemoglu, Simon Johnson e James A. Robinson relaciona o desenvolvimento bem-sucedido das nações mais ricas à qualidade de suas instituições — o que, para os pesquisadores, está ligado à presença de características sociopolíticas específicas ao longo do seu processo de desenvolvimento, como é o caso do regime político típico das democracias liberais de modelo ocidental.
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Essa correlação, diz o professor da FFLCH-USP Gilson Schwartz, que escreve a coluna "Iconomia", precisa ser tratada com cautela.
A associação quase evolucionária entre desenvolvimento econômico e modelo democrático ocidental — quanto mais ‘desenvolvida’ a democracia, maior e melhor o desenvolvimento econômico —, feita por teóricos e economistas de diferentes tradições de pensamento (de Adam Smith a Joseph Schumpeter), precisa ser questionada, afirma Schwartz ao Jornal USP, e traz "dúvidas sobre o caráter científico" dessas pesquisas.
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Para ele, é preciso considerar exemplos mais diversos, como o da China, cuja economia apresenta crescimento acelerado desde a década de 1970, tanto em volume de PIB como na qualidade de seu desenvolvimento (com setores econômicos diversificados e altos níveis de investimento).
É um país "obviamente muito distante do modelo de economia liberal e democrática propagandeado por instituições como MIT e Universidade de Chicago", diz Schwartz, e um exemplo concreto de evolução que foge à premissa da tese.
A lógica institucionalista seria "exatamente a mesma lógica consagrada pela teoria econômica mais convencional", porque se trata de "uma abordagem conceitual e metodológica que tem uma alergia por tudo que se poderia definir como entidades macro, assim como os neoliberais as rejeitam e se esforçam para provar que o Estado, as classes sociais e outras forças intangíveis são meras ficções".
O resultado é, segundo o professor, uma economia política mais conservadora, que beneficia o status quo e, no longo prazo, é mais confortável para "os donos do poder".