O Brasil atingiu taxa média de desemprego de 7,8% em 2023, o menor resultado anual desde 2014, quando a taxa média era de 7,0%, conforme dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, divulgada nesta quarta-feira (31).
O índice apresenta uma redução de 1,8 ponto percentual (p.p.) em relação à estatística de 2022 (9,6%) e está próximo do início da série histórica, iniciada em 2012. Em 2021, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) a pesquisa notificou uma taxa de desocupação de 14,0%, recorde até o momento.
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Com o resultado, o país também teve uma taxa de desemprego de 7,4% no trimestre encerrado em dezembro do ano passado, o menor desde agosto de 2014. O índice teve redução de 0,3 ponto percentual (p.p.) em comparação com o trimestre anterior, de julho a setembro (7,7%).
Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há queda na taxa de desocupação desde os primeiros três meses do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
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No trimestre encerrado em setembro, a taxa de desemprego caiu para 7,7%, um recuo de 0,4 p.p. em relação ao trimestre anterior. No mesmo período no ano passado, ainda sob gestão Bolsonaro, o desemprego estava em 8,7%, em plena recuperação econômica pós pandemia.
Ocupação anual
Em comparação com o ano de 2022, houve uma queda acentuada na população desocupada (-17,6%), com um quantitativo de 8,5 milhões de pessoas, frente a um aumento de 3,8% na ocupação, representada por 100,7 milhões de pessoas – um recorde da série histórica. Ou seja, o país possui cerca de 12 pessoas ocupadas a cada desempregado.
O nível de ocupação – percentual de ocupados na população em idade de trabalhar, a partir dos 14 anos – também registrou crescimento e chegou a 57,6%, 1,6 p.p. a mais do que 2022 (56,0%). O percentual ainda está atrás do maior nível da série histórica, alcançado em 2013 (58,3%).
O número de trabalhadores com carteira de trabalho teve um aumento de 5,8% e chegou a 37,7 milhões de pessoas, o mais alto nível registrado na série histórica. A informação revela que 37,4% dos ocupados no Brasil tem registro na carteira de trabalho.
Em contraste, a estimativa anual de empregados sem carteira assinada no setor privado registrou aumento de 5,9% em 2023, com 13,4 milhões de pessoas nesta condição de trabalho. Outros 25,6 milhões de pessoas foram contabilizados como trabalhadores por conta própria, uma alta de 0,9 p.p.
O total da população subutilizada, de 20,9 milhões de pessoas, recuou 13% em relação à 2022, quando chegou a aproximadamente 24 milhões de pessoas. O contingente permanece superior ao menor nível da série, atingido em 2014, quando 16,5 milhões de pessoas estavam nesta condição.
"Os subutilizados reúnem os subocupados (disponíveis para trabalhar mais horas), os desalentados (que desistiram de buscar emprego) e uma parcela que não consegue procurar trabalho por motivos diversos", descreve o IBGE.
- Subocupados: 5,4 milhões, com queda de 11,8% frente ao ano anterior;
- Desalentados: 3,7 milhões, com queda de 12,4% frente ao ano anterior.
Distribuição dos trabalhadores
Confira a distribuição da população ocupada, de 100,7 milhões de pessoas em 2023, por grupamentos de atividade no trabalho:
- Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas: 18,9 milhões de trabalhadores (2,0%);
- Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais: 17,8 milhões de trabalhadores (4,5%);
- Indústria geral: 12,8 milhões de trabalhadores (4,7%);
- Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas: 12,5 milhões de trabalhadores (9,8%);
- Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura: 8,1 milhões de trabalhadores (-4,2%);
- Construção: 7,4 milhões de trabalhadores (1,3%);
- Serviços domésticos: 6,1 milhões de trabalhadores (6,1%);
- Transporte, armazenagem e correio: 5,5 milhões de trabalhadores (5,3%); e
- Alojamento e alimentação: 5,5 milhões de trabalhadores (5,3%).
Aumento do emprego não tem pressionado os custos de produção
A massa salarial mensal real – soma das remunerações, diretas ou indiretas, recebidas pelo conjunto de assalariados de um país – atingiu a máxima da série histórica, em 2023, segundo a Pnad Contínua.
O total chegou a R$ 295,6 bilhões, referente a um crescimento percentual de 11,7% (R$ 30,9 bilhões) na comparação com o ano anterior. O avanço foi impulsionado pela expansão do emprego e o aumento do rendimento médio, resultado da migração para o trabalho formal e a alta do salário-mínimo, com valor de R$ 1.412 a partir de fevereiro.
O salário do trabalhador brasileiro teve aumento médio de 3,9% em comparação ao ano de 2022, com melhoras em 24 estados e no Distrito Federal, conforme estudo da consultoria Tendências. Foram desconsiderados no estudo as transferências do programa Bolsa Família, benefícios previdenciários e outras fontes de renda, como o seguro-desemprego.