Afastado do cargo de presidente da Caixa Econômica Federal por conta de múltiplas acusações de assédio sexual e moral, Pedro Guimarães usou as redes sociais na última quarta-feira (26) para se comparar com o galã de Hollywood, Johnny Depp, a fim de alegar inocência. Além de Depp, também comparou sua situação a do ator Kevin Spacey.
A fala veio no contexto do caso de Spacey, que também na última quarta (26) foi inocentado por um tribunal de Londres de nove acusações que incluem agressão sexual e estupro. Os crimes teriam ocorrido entre 2004 e 2013 quando Spacey foi diretor artístico do teatro Old Vic na capital da Inglaterra. Ele sempre se declarou inocente.
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Johnny Depp, por sua vez, é acusado de violência doméstica pela ex-esposa Amber Heard e tenta provar inocência. No último dia 1 de junho um tribunal de Virgínia, nos EUA, considerou que Heard o difamou, dando-lhe um ganho de causa parcial.
“Eles também foram massacrados. Carreiras destruídas. E, ambos, demonstraram que as acusações eram inverídicas. Mas esse tempo volta atrás? As famílias, em especial os filhos, poderão reverter o ‘massacre’ a que foram submetidos? As carreiras serão ‘reconstruídas’? Haverá espaço, minimamente equilibrado, na ‘imprensa’ colocando as absolvições?”, questiona Guimarães em publicação que compartilha uma matéria da Fórum sobre o caso de Kevin Spacey.
Pedro Guimarães, indicado por Paulo Guedes para a presidência da Caixa durante o mandato de Jair Bolsonaro (PL), era um homem próximo do ex-presidente. Bolsonarista convicto, ele reverberou as conspirações ideológicas de seu ídolo, o que o fez ganhar proximidade com o núcleo central do poder em Brasília. Economista com longa carreira em instituições financeiras privadas, recebeu o convite de Jair Bolsonaro (PL), logo após sua eleição, para assumir a gigante estatal de 161 anos, fundada ainda no Império.
Ele foi acusado de assédio sexual por várias funcionárias do banco público em maio de 2022 e, quando as acusações chegaram aos meios de comunicação no mês seguinte, deixou o cargo. Junto com Guimarães, outros cinco vice-presidentes também renunciaram.
“É comum ele pegar na cintura, pegar no pescoço. Já aconteceu comigo e com várias colegas. Ele trata as mulheres que estão perto como se fossem dele. Ele já tentou várias vezes avançar o sinal comigo. É uma pessoa que não sabe escutar não. Quando escuta, vira a cara e passa a ignorar. Quando me encontrava, nem me cumprimentava mais”, contou uma das vítimas à época.
De acordo com o relatório da Corregedoria da Caixa, Guimarães cometeu ações frequentes de abuso do poder, valendo-se de “atitudes constrangedoras, comportamentos agressivos, tratamento ríspido, submissão de empregados a práticas de humilhação e vexame, exposição, ridicularização, delegação de atribuições incompatíveis com as respectivas funções gratificadas exercidas, invasão da privacidade e esfera íntima, exigência para disposição em tempo integral, dentre outros”.
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“Tem um padrão. Mulher bonita é sempre escolhida para viajar. Ele convida para as viagens as mulheres que acha interessantes”, falou outra funcionária sobre as “preferências” inconvenientes do economista.
Para a corregedoria da Caixa, é evidente que empregados de ambos os sexos foram atingidos. Enquanto as mulheres podia tornar-se potenciais vítimas a partir do momento em que demonstravam qualquer ato de resistência diante de condutas autoritárias ou investidas de caráter sexual, os homens poderiam ser alvos por conta de convicções político-ideológicas, posicionamentos pessoais, aparência, limitação física, orientação sexual ou por também resistir diante de condutas autoritárias.
Guimarães nega todas as acusações e afirma, na postagem, que a Justiça do Trabalho já extinguiu as ações que corriam contra ele.